Foi em um breve comunicado que a Claro anunciou a troca de comando na terça-feira 17. João Cox, que comandou a companhia por quatro anos, pediu demissão e será substituído por Carlos Zenteno, mexicano de 39 anos que nos últimos seis anos foi responsável pelas operações de telefonia móvel da Claro na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. 

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” A Claro só não é a primeira em celular porque a Vivo comprou a Telemig “
João Cox, presidente da Claro

Os números da gestão de Cox são visíveis: a receita líquida passou de R$ 5 bilhões para R$ 12 bilhões, a geração de caixa saltou de R$ 300 milhões negativos para mais de R$ 3,3 bilhões, a empresa conquistou 28 milhões de novos clientes e assumiu a segunda posição no ranking de celulares, ultrapassando a TIM. 

 

“A Claro só não é a primeira em celular no Brasil porque a Vivo comprou a Telemig”, declarou o executivo à DINHEIRO. Cox – economista formado pela Universidade Federal da Bahia, com especialização em economia pela Université du Quebec à Montreal – agora vai dedicar-se a projetos pessoais. 

 

Ele tem investimentos na área imobiliária e em uma fábrica de plásticos na Bahia. Quer passar mais tempo com a família e acredita ter deixado a empresa em boas condições para que Zenteno conduza a operação a partir do dia 30 de agosto. A saída de Cox ocorre em um momento de intensa movimentação no setor. A América Móvil, dona da Claro, uniu suas operações no México com a empresa de telefonia fixa Telmex, que controla a Embratel no Brasil. 

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Desde então, o mercado de telecomunicações dá como certa a junção das duas empresas no Brasil. A compra da Vivo pela Telefônica por E 7,5 bilhões e a entrada da Portugal Telecom no capital da Oi por R$ 8,4 bilhões deixaram as operadoras do bilionário mexicano Carlos Slim como o terceiro grupo de telefonia do Brasil. Essas movimentações forçaram Slim a acelerar o plano de união de Claro, Embratel e Net. Com isso, a intenção é oferecer telefonia fixa, celular, banda larga e tevê por assinatura de forma integrada, competindo com Telefônica e Oi. 

 

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“Essa união é uma necessidade empresarial”, afirma Juarez Quadros, sócio da consultoria Orion e ex-ministro das Comunicações. Nessa nova estrutura, o comando da Claro perderia autonomia.  Isso não se encaixa no perfil de gestão de João Cox. Aos 47 anos, Cox habituou-se a trabalhar com liberdade nas diversas empresas em que presidiu, como a Telemig Celular e a Amazônia Celular. Por esse motivo, ele preferiu partir para outros projetos. 

 

As mudanças na Claro não se limitam à chegada de um novo presidente. Em julho, foi contratado Rudinei Kalil, que atuará como diretor de operações da empresa. Kalil tem passagens pela Nokia, onde atendeu a América Móvil. Ele foi trazido à companhia por Daniel Haff, presidente do Conselho de Administração da Claro e genro de Slim, que esteve no Brasil pouco antes do pedido de demissão de Cox. Haff veio ao País tratar dos próximos passos da empresa: os investimentos de 2011 e a integração com a Embratel.