Por Flavia Marreiro

(Reuters) – O futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, confirmou que o general Júlio Cesar de Arruda, indicado por ele e pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para o comando do Exército, tomará posse na sexta-feira, horas antes do novo governo assumir formalmente.

Arruda vai substituir o general Marco Antônio Freire Gomes, num movimento que ecoa as preocupações explicitadas pela equipe de transição a respeito de um eventual “vazio de poder” nas primeiras horas do governo Lula, no dia 1º de janeiro.

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A posse antecipada no Exército reverbera também uma inédita tensão com setores das Forças Armadas na transição de governo em tempos democráticos, dada a maciça participação de militares no governo Jair Bolsonaro e a permanência de pequenos grupos de manifestantes diante de quartéis pelo país pedindo por um golpe militar que impeça Lula de assumir o poder.

Múcio foi questionado por jornalistas sobre a mudança no Exército e demais Forças durante entrevista coletiva em Brasília, quando afirmou também que não há data para a troca na Marinha enquanto a mudança na Aeronáutica está prevista para 2 de janeiro.

O futuro ministro falou ao lado de Flávio Dino, indicado para assumir o Ministério da Justiça, e do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

“Não haverá vazio de poder”, disse Dino, que afirmou que estará trabalhando com Múcio já nas primeiras horas do domingo e que todo o efetivo da polícia do DF estará em operação.

Além dos preparativos para a posse de Lula no domingo, o trio também comentou os desdobramentos do caso da prisão de um bolsonarista que confessou em depoimento ter ajudado a fabricar uma bomba caseira que planejava explodir em Brasília –a polícia apreendeu o artefato explosivo no fim de semana.

Segundo o detido, George Washington de Oliveira Sousa, o plano de acionar um explosivo e provocar o caos foi discutido por ele com integrantes da mobilização que pede um golpe militar diante da principal instalação das Forças Armadas em Brasília.

Durante a entrevista nesta terça, Dino afirmou que a expectativa na equipe de transição é que ocorra uma desmobilização “voluntária” do acampamento em Brasília diante das instalações militares.

Múcio, por sua vez, afirmou que o movimento diante dos quartéis é “pacífico” e que o plano de atentado desbaratado é isolado, com a participação de no máximo mais uma ou duas pessoas.

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