A pedido do Ministério Público do Rio (MPRJ) a Polícia Civil vai investigar a suposta omissão fraudulenta de informações relevantes aos acionistas por executivos da Vale, no processo de compra de direito à exploração da mina de ferro de Simandou, na República da Guiné. A ação foi baseada em notícia crime encaminhada pelo empresário israelense Benjamin Steinmetz, com quem a mineradora trava uma batalha judicial internacional.

O bilionário busca reverter uma sentença favorável de US$ 2,2 bilhões obtida pela Vale no tribunal arbitral de Londres, após a anulação dos direitos de exploração da mina. Beny, como é conhecido, tenta provar que a companhia sabia dos riscos de potenciais irregularidades na obtenção do contrato de exploração da mina quando pagou US$ 500 milhões por 51% da BSGR, empresa do israelense detentora da concessão de exploração, em 2010. Steinmetz é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro em ao menos cinco países.

Além da instauração de inquérito policial, o MPRJ solicitou a realização de diligências por parte da autoridade policial. Em um ofício encaminhado em 18 de março à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO), os promotores pedem que a polícia tome o depoimento de dirigentes da Vale. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também será oficiada.

A Vale afirma não ter conhecimento do inquérito. “A imprensa tem veiculado as tentativas insólitas do Sr. Benjamin Steinmetz de rediscutir um assunto já decidido por cortes internacionais. Os seus advogados sustentam versões divergentes: no exterior, o Sr. Benjamin afirma que nunca houve qualquer ato ilegal de sua parte, enquanto, no Brasil, alega que a Vale tinha conhecimento das irregularidades praticadas por ele e pela BSGR”, diz a companhia.

A mineradora diz ainda que “Steinmetz também responderá civil e criminalmente pelas suas manobras falaciosas”.