Procuradores do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ) protestaram na manhã desta segunda-feira, 9, contra a indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles criticaram o desrespeito à lista tríplice do órgão e disseram que não houve nenhum diálogo com Aras, de quem não sabem o que esperar. O Rio é o Estado em que a Lava Jato tem mais força atualmente.

“Vejo risco para todas as operações do MPF”, afirmou o procurador Blal Dalloul, terceiro colocado na lista tríplice. “O doutor Augusto Aras não conversou com a classe, não sabemos quais são os projetos dele, qual a plataforma dele”, disse.

Os procuradores do Rio endossaram o posicionamento da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que soltaram nota de repúdio à escolha de Aras e ao modo como o presidente Jair Bolsonaro lida com o órgão. Na visão da ANPR, ele tem uma “compreensão absolutamente equivocada sobre a natureza das instituições em um Estado Democrático de Direito.” Estima-se que 15 Estados realizem nesta segunda atos como o do Rio.

A procuradora Maria Cristina Manella classificou a independência do Ministério Público como “princípio basilar” da instituição. “E é através dessa independência funcional que nós continuaremos trabalhando em defesa do regime democrático e dos interesses da sociedade brasileira, independentemente dos valores ditados pelo PGR e até pelo presidente da República.”

Para os integrantes do MPF no Rio, a escolha “aleatória” por Aras, como classifica o procurador Sérgio Pinel, representa um vácuo de liderança na instituição – que, segundo ele, compromete a independência funcional.

Há menos de um mês, auditores da Receita Federal também protestaram no Rio contra as tentativas de interferência de Bolsonaro no órgão. Estavam presentes, naquele ato, representantes de associações de juízes e de policiais federais, por exemplo.