Os procuradores da força-tarefa Greenfield requisitaram na sexta-feira, 23, acesso a uma investigação interna da Caixa sobre o presidente do banco público Gilberto Occhi. O relatório foi produzido pelo escritório Pinheiro Neto a pedido do Conselho de Administração e é mantido em sigilo pelo banco.

A investigação foi iniciada pelo Pinheiro Neto com base no relato do corretor e delator Lúcio Bolonha Funaro. Em sua colaboração premiada, Funaro acusou o atual presidente da Caixa, Gilberto Occhi, de desviar recursos para o Partido Progressista (PP).

“Sabia até que tinha uma meta do Gilberto Occhi, de produzir um valor ‘x’ por mês”, disse Funaro, em um dos vídeos do depoimento prestado ao Ministério Público. No entanto, ele não soube dizer qual era o valor da meta.

“Qualquer verba da Caixa para sair, tudo quanto é verba do governo, tinha que passar pela diretoria dele. Tinha que passar na vice-presidência dele”, disse Funaro, em relação à atuação de Occhi. “E ele tinha uma meta, que não sei de quanto era. Meta de propina”, reforçou.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o relatório produzido pelo escritório Pinheiro Neto mapeou toda a evolução patrimonial de Occhi. O documento, segundo fontes relataram à reportagem, teria sido finalizado pelo escritório e estaria sob tutela do Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal.

Novo presidente

Nesta terça-feira, 27, os procuradores também enviaram à Presidência da República, ao Ministério da Fazenda e ao Conselho Administrativo da Caixa uma recomendação para que o novo presidente do banco seja escolhido por meio de um processo seletivo impessoal e com a produção de uma lista quíntupla.

Atual presidente, Occhi deve deixar o comando do banco durante a reforma ministerial. Ele foi indicado pelo seu partido, o PP, para assumir o comando do ministério da Saúde.

Os procuradores argumentam que o modelo de escolha com processo seletivo tem por objetivo melhorar a gestão do banco e garantir a transparência.

Recrutamento

Em dezembro de 2017, os procuradores haviam recomendado o uso de um serviço de recrutamento para a formação dessa lista de nomes a serem escolhidos para o comando do banco. Com base nesses nomes, o presidente da República poderia escolher o mais bem preparado.

Na mesma recomendação de dezembro, os procuradores solicitaram a saída de todos os vice-presidentes da instituição. A saída só ocorreu, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, em janeiro após o Banco Central também se posicionar á favor das mudanças. Ao todo, quatro vice-presidentes foram substituídos.

Internamente no MPF, a nova recomendação é vista como um complemento da anterior e tem por objetivo evitar que um novo nome político seja indicado para a vaga de Occhi.

Até o fechamento deste texto, a reportagem não havia obtido um posicionamento dos envolvidos.