O Ministério Público Federal (MPF) denunciou hoje (18) por organização criminosa, peculato, fraude à licitação e falsidade ideológica o presidente deposto da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, três diretores da entidade, e quatro empresários ligados aos esportes.

De acordo com o MPF, eles são acusados de fraudar licitações para a compra de materiais esportivos com o uso de documentos falsos, que resultaram em desvio de mais de R$ 1 milhão em recursos do Ministério do Esporte para a CBDA, que posteriormente foram desviados para fins particulares dos acusados.

Os dirigentes foram denunciados também pela apropriação indevida de R$ 5 milhões em recursos repassados pelo Ministério do Esporte para investimentos no polo aquático. “Parte dos recursos deveria ter sido destinada, por exemplo, para a participação da seleção júnior, campeã sul-americana e pan-americana, que não foi ao Mundial do Cazaquistão, em 2015, apesar de a confederação ter recebido esse recurso”, destacou o MPF em nota.

O MPF também acusa os dirigentes de desviar R$ 100 mil do caixa da CBDA para a contratação de advogados criminais para a defesa deles no âmbito da Operação Águas Claras, que revelou o esquema.

Esta é a primeira denúncia criminal da operação, que apura desvios cometidos pelos cartolas da natação brasileira. Coaracy Nunes, Sérgio Alvarenga (diretor financeiro), Ricardo de Moura (diretor de natação) e Ricardo Cabral (diretor de polo aquático) estão presos preventivamente a pedido do MPF por ordem da Justiça Federal em São Paulo.

Procurada, a CBDA disse hoje que a denúncia não traz fatos novos e apenas formaliza acusações anteriores. Segundo a entidade, não há nada de novo no conteúdo divulgado hoje pelo MPF. A confederação diz considerar “estranho” que as prisões tenham ocorrido antes da denúncia.

A reportagem não conseguiu contato com o advogado de defesa de Coaracy Nunes, Marcelo Franklin. Em sua última manifestação, no dia 6, o defensor disse que as mesmas acusações usadas para justificar a prisão de Nunes já foram objeto de ação de improbidade administrativa envolvendo a CBDA. Segundo o advogado, em julgamento ocorrido no último dia 5, no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, ficou decidido que não havia motivo “sequer” para afastar os dirigentes da entidade.

Também ficou determinado que o caso é de competência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. “São as mesmas acusações penais. Causa surpresa e espanto que uma juíza de primeira instância tenha analisado o mesmo fato e as mesmas acusações e tenha decidido de forma tão díspar.”