Um grupo de empreendedores está buscando fazer combustíveis, como gasolina e diesel, a partir do ar. Pode parecer maluquice, mas o desenvolvimento dessa tecnologia está em estágio avançado, atraindo investidores do porte de Bill Gates, o fundador da Microsoft. São três empresas, atualmente, trabalhando nessa atividade: a americana Global Thermostat, a suíça Climeworks e a canadense Carbon Engineering – esta última com investimentos de Gates. No final do ano passado, a Carbon Engineering fez uma demonstração de como funciona a tecnologia. O processo tem duas etapas. A primeira é a captura do carbono: equipamentos que parecem enormes ventiladores retiram dióxido de carbono (CO2) diretamente do ar. O resultado disso é um CO2 puro, na forma gasosa, produto que pode ser utilizado por diversas indústrias, como a de refrigerantes e a de plásticos.

Após capturar o CO2, a empresa emprega o processo de eletrólise para gerar hidrogênio a partir da água. O passo seguinte é unir os dois componentes por meio de outra técnica, chamada “catálise térmica”, para, então, sintetizar o combustível na forma líquida. Agora, a Carbon Engen espera juntar os dois processos em uma só unidade de produção, o que a empresa deve fazer neste ano. Com isso, ela será capaz de produzir diariamente um barril de combustível, o equivalente a cerca de 160 litros. Outro desafio é reduzir os custos. Segundo o professor Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, hoje, a captura do CO2 a partir do ar custa US$ 100 por tonelada. O ideal é chegar a um valor abaixo dos US$ 40, que é o custo estimado de cada tonelada de carbono emitida pela queima de combustíveis fósseis.

(Nota publicada na Edição 1056 da Revista Dinheiro)