O presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, avaliou que houve “exploração política” das manifestações desta quarta-feira, 15, contra o bloqueio de recursos da educação. Segundo ele, o contingenciamento é feito todos os anos e as milhares de pessoas que foram às ruas hoje aproveitaram para protestar contra o governo. “Não tem a mínima dúvida”, considerou.

Mais cedo, Mourão classificou os protestos como algo “normal” e que “faz parte do sistema democrático”. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, chamou os manifestantes de “idiotas úteis” e “massa de manobra”.

Ao ser questionado sobre a declaração de Bolsonaro em relação aos manifestantes, Mourão concordou. Ele disse que o presidente tem uma forma “mais incisiva” de se manifestar e que foi justamente isso que o elegeu.

“O presidente colocou que contingenciamento existe todos os anos, em outros anos não houve manifestações desta natureza, então é obvio que houve uma exploração política nessa manifestação de hoje para aproveitar com protesto ao nosso governo, isso aí não tem a mínima dúvida. Eu acho que vocês também entendem que isso ocorreu. E foi isso que ele quis dizer. É óbvio que o presidente tem a forma dele mais incisiva de se manifestar e por isso que ele foi eleito”, disse Mourão a jornalistas.

Questionado se o tamanho dos protestos surpreendeu o governo, Mourão negou. “O tamanho dos protestos é normal para a arregimentação que as organizações que fizeram este protesto têm condições de mobilizar. Eu não vejo nada demais nisso aí, está tudo dentro da normalidade”, minimizou.

Sobre a possibilidade de Bolsonaro recuar sobre o contingenciamento, Mourão disse que ele não poderia mesmo que quisesse. “Ele não pode mudar (…) Nós não estamos arrecadando, tem que entender que o orçamento foi feito ano passado, não foi feito pela gente. Ele tinha determinadas expectativas de arrecadação que não estão sendo atingidas”, explicou. Ele citou como exemplo o aumento do Judiciário e a expectativa frustrada de privatizar a Eletrobras.

Mourão também voltou a dizer que o governo não soube comunicar o contingenciamento de maneira correta, e que houve bloqueios em outras áreas, inclusive nas Forças Armadas, que foi “pesadíssimo”. “Nós, governo, não soubemos comunicar isso. Então ficou o tempo todo colocado como corte e aquele número cabalístico de 30%, quando todos os ministérios que têm grande número de gastos e um orçamento elevado sofreram um bloqueio consistente.”