Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O vice-presidente Hamilton Mourão admitiu nesta sexta-feira que será candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul na eleição de outubro e deve deixar o PRTB, mas ainda não definiu em qual partido irá se filiar.

+ Eleições: Justiça proíbe a União de promover autoridades nas redes oficiais

Ao ser questionado sobre o tema na chegada à Vice-Presidência, Mourão afirmou que a decisão seria anunciada em breve, mas terminou por confirmar quando foi perguntado se a máscara que estava usando, com uma bandeira do Estado, era um indicativo.

“Lógico, né”, afirmou, acrescentando que agora é apenas uma questão de partido.

“Tem duas opções de partido. Aí que vamos ver. Tem dois pré-candidatos (a governador) no nosso campo, vamos aguardar o que vai sair disso daí”, disse.

Os dois postulantes ao governo gaúcho são o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, que hoje é filiado ao União Brasil (fusão entre DEM e PSL), mas aguarda a janela partidária para se transferir para o PL, partido de Bolsonaro e o senador Luiz Carlos Heinze, do PP.

A decisão de Mourão passa também pelas alianças locais e pela definição de quem será o candidato do campo bolsonarista ao governo do Estado.

Mourão conversa, no momento, com o PP e com o Republicanos. Mais forte que o Republicanos no Estado, o PP seria o caminho preferido do vice-presidente, mas esbarra em uma possível candidatura da ex-senadora Ana Amélia, que também é do partido. Existe, no entanto, a possibilidade de Ana Amélia trocar o PP pelo PSDB.

Nem Onyx nem Heinze mostraram disposição de desistir da candidatura ao governo do Estado até agora, mas o ministro de Bolsonaro, no momento, aparece nos primeiros lugares nas pesquisas, enquanto Heinze pontua com apenas 1% ou 2%.

Já para o Senado, o cenário ainda é nebuloso, com candidaturas indefinidas até agora. Mourão aparece em segundo, terceiro ou quarto lugar, a depender do cenário. Ainda não há definição, por exemplo, se o ex-governador José Ivo Sartori (MDB) irá de fato se candidatar ao Senado, já que o seu partido o pressiona para tentar novamente o governo do Estado.

Manuela D’Ávila (PCdoB) também não definiu se será candidata –a decisão depende não só da sua posição pessoal, mas do acerto entre PT, PCdoB e PSB sobre a formação de uma federação ou ao menos uma coligação para disputa do governo estadual. Se for candidata, Manuela aparece em primeiro na única pesquisa que a colocou como postulante ao Senado.

Se realmente se candidatar, Mourão não precisará deixar a Vice-Presidência da República, mas não poderá assumir a Presidência temporariamente no lugar de Jair Bolsonaro durante os seis meses antes do pleito. Escolhido de última hora na campanha de 2018 para ser companheiro de chapa de Bolsonaro, Mourão acabou se afastando do presidente durante o mandato. Bolsonaro deixou claro, já há bastante tempo, que não o teria como vice em uma tentativa de reeleição.

tagreuters.com2022binary_LYNXMPEI1A0LU-BASEIMAGE