O governo do Mali procurou o serviço de empresas privadas russas para reforçar a segurança no país africano, confirmou neste sábado (25) o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que, no entanto, garantiu que Moscou não teve qualquer envolvimento nessas negociações.

Os países europeus advertiram nesta semana o governo malinês, à margem da realização da Assembleia Geral da ONU em Nova York, para que não contratasse os paramilitares do grupo Wagner, uma controversa empresa russa de segurança privada.

No entanto, com a França iniciando os preparativos para reduzir sua presença militar no país africano, que vive assolado por um conflito interno que já dura quase uma década, Lavrov disse que o governo malinês passou a buscar os serviços de “empresas privadas russas”.

“Trata-se de uma atividade que foi realizada sobre uma base legítima”, disse Lavrov aos jornalistas. “Nós [Moscou] não temos nada a ver com isso”.

Segundo informações que circularam recentemente, o governo do Mali, que é controlado pelo Exército, está prestes a contratar 1.000 paramilitares do grupo Wagner.

A França, por sua vez, advertiu Bamaco, ao indicar que o país africano ficaria ainda mais isolado internacionalmente se adotasse tal medida.

O grupo Wagner é considerado próximo do presidente Vladimir Putin e os países ocidentais o acusam de atuar em nome de Moscou.

Os paramilitares, os instrutores de segurança privada e as empresas da Rússia têm se tornado cada vez mais influentes no continente africano nos últimos anos, em particular na República Centro-Africana, onde as Nações Unidas acusam os soldados contratados pelo grupo Wagner de cometerem abusos.

Moscou, por outro lado, admite ter enviado “instrutores” à República Centro-Africana, mas afirma que os mesmos não participam ativamente nos combates. Além disso, o Kremlin insiste que não há paramilitares russos atuando na Líbia, apesar dos países do Ocidente afirmarem o contrário.