Cartazes de minorias nos Estados Unidos começaram a aparecer nos protestos antirracistas que agitam o país: hispânicos, árabes e asiáticos se uniram ao lema do “Black Lives Matter” (Vidas negras importam).

A morte do afroamericano George Floyd, pelas mãos de policiais brancos, incentivou muitas comunidades minoritárias em todo o país a começar a refletir sobre seu papel no combate ao que muitos consideram um racismo sistêmico.

Outros, no entanto, afirmam que esta análise da consciência deve passar igualmente pelo reconhecimento da discriminação dentro de sua própria comunidade.

“Acredito que já é a hora”, diz Yvonne Rodríguez, que se descreve como “orgulhosamente afrolatina” e sente falta do reconhecimento dos hispânicos caucasianos. No Caribe em particular, os descendentes de escravos continuam sendo alvo do racismo dos descendentes de colonos europeus.

– “Cumplicidade no racismo anti-negro” –

Para Arash, que estava nas manifestações em Washington com um amigo que segurava um cartaz de “Afegãos pelas Vidas Negras”, os afegãos-americanos devem pensar em sua “sua própria cumplicidade no racismo anti-negro”.

“Pegamos emprestado, roubamos da cultura afroamericana a maneira como nos vestimos, como falamos. Mas não os honramos e os afegãos americanos são cúmplices quando chamam a polícia para denunciar seus vizinhos (negros), e não se dão conta das consequências”, afirmou.

Essa questão de cumplicidade, inconsciente ou tácita, também foi levantada por muitos americanos de ascendência árabe.

Especialmente quando se soube que a ligação feita para a polícia que levou à prisão violenta e à morte de Floyd foi realizada pelo proprietário de uma loja árabe-americana em Minneapolis.

– “Apoio à comunidade negra” –

A ligação provocou muitos debates entre aqueles que acreditam que os funcionários da loja não tinham como prever o trágico resultado, e os que sustentam que membros de minorias, frequentemente vítimas de estereótipos e preconceitos, deveriam chamar a polícia com moderação devido aos riscos.

“Em muitas das grandes cidades dos Estados Unidos, as lojas de bairro de propriedade de árabes estão localizadas em vizinhanças predominantemente negras de classe trabalhadora. Precisamos analisar como estamos mostrando apoio à comunidade negra e quais medidas estamos tomando que não impliquem depender das forças de ordem”, diz uma petição intitulada “Árabes pelas Vidas Negras”.

Para isso, surgiram manuais para discutir o racismo anti-negro nas diferentes comunidades.

Um, compartilhado centenas de vezes no Facebook, pede aos árabes que conheçam a história da escravidão entre seus antepassados e que deixem de usar termos depreciativos para referir-se aos negros.

Outro, voltado para as comunidades asiáticas e o qual milhares de pessoas reagiram no Instagram, oferece frases para combater os preconceitos de suas “mães, pais, tias e tios”.