Faleceu o estudante americano Otto Warmbier, libertado pela Coreia Norte em coma na semana passada depois de mais de um ano detido – disse sua família nesta segunda-feira (19).

O jovem de 22 anos, que sofreu sérios danos cerebrais, foi repatriado para os Estados Unidos em 13 de junho. Ele morreu nesta segunda às 14h20 locais (15h20 de Brasília), rodeado por seus familiares em sua cidade natal, Cincinnati, em Ohio.

“É nosso triste dever anunciar que nosso filho, Otto Warmbier, completou sua jornada para casa”, disse a família em declaração.

“O terrível e torturante tratamento recebido por nosso filho pelas mãos dos norte-coreanos fez que nenhum outro resultado fosse possível”, acrescentou.

Pouco depois da notícia da morte se tornar pública, o presidente americano, Donald Trump, denunciou a Coreia do Norte como “um regime brutal”.

Em um evento na Casa Branca, Trump criticou Pyongyang: “as coisas ruins aconteceram, mas pelo menos ele voltou para casa e para seus pais”, declarou.

Posteriormente, em uma declaração escrita, Donald Trump ofereceu as suas “mais profundas condolências” à família de Warmbier.

“Não há nada mais trágico para um pai do que perder um filho no auge da vida. Nossos pensamentos e orações estão com a família e com os amigos de Otto, e com todos os que o amaram”, acrescenta a nota.

“O destino de Otto aprofunda a determinação da minha administração de impedir tais tragédias, como inocentes caindo nas mãos de regimes que não respeitam o Estado de direito, ou a decência humana básica”, destacou Trump.

“Os Estados Unidos condenam mais uma vez a brutalidade do regime norte-coreano à medida que choramos por sua última vítima”, completou o comunicado.

Pyongyang disse que Warmbier entrou em coma após ter recebido, em março de 2016, a sentença por roubar um cartaz político de um hotel norte-coreano. O regime afirmou que o jovem entrou em coma depois de contrair botulismo e tomar um comprimido para dormir.

Os médicos que cuidaram de Warmbier disseram que ele sofreu uma grande perda de tecido em todas as regiões do cérebro, mas não mostrou sinais de traumas físicos. Os testes realizados não forneceram evidências conclusivas para a causa de suas lesões neurológicas, além de não dar evidências de uma infecção anterior pelo botulismo.

Também afirmaram que a grave lesão cerebral de Warmbier, considerando-se a sua idade, pode ter sido causada pela parada cardiorrespiratória que impediu a passagem de sangue para o cérebro.

O pai de Warmbier, Fred, criticou o estado autoritário de Kim Jong-Un na semana passada, dizendo em uma coletiva que “não há desculpas para qualquer nação civilizada manter sua condição em segredo e negar cuidados médicos de alto nível por tanto tempo”.

Na declaração desta segunda-feira, a família de Otto diz ter encontrado paz após ele ter sido levado para casa.

“Quando Otto voltou para Cincinnati em 13 de junho, ele não falava, não via e não reagia aos comandos verbais. Ele parecia muito desconfortável, quase angustiado”, disse.

“Embora não tenhamos escutado a sua voz novamente, em apenas um dia o semblante de seu rosto mudou, ele estava em paz. Ele estava em casa e acreditamos que ele sentiu isso”, acrescentou.

“Agradecemos a todos ao redor do mundo que mantiveram ele e nossa família em seus pensamentos e orações. Estamos em paz também”, completou o comunicado.

O universitário, que estava em uma viagem turística, foi sentenciado a 15 anos de trabalhos forçados, punição que os Estados Unidos consideram desproporcional em relação ao suposto crime.

Trump pediu ao país que rezasse por Otto Warmbier, descrevendo sua situação como “uma coisa realmente terrível”.

A libertação de Warmbier ocorreu em meio a tensões crescentes com Washington após uma série de testes de mísseis feita por Pyongyang, focando no acúmulo de armas que o chefe do Pentágono, Jim Mattis, chamou de “um perigo claro e presente para todos”.