A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating da Turquia de Ba2 para Ba3 e mudou a perspectiva para negativa, explicando que a nota de crédito pior se deve principalmente ao “contínuo enfraquecimento das instituições públicas” do país, exemplificado pelas “preocupações elevadas em torno da independência do banco central e pela ausência de um plano claro e crível para lidar com as causas subjacentes da recente turbulência financeira”.

“As condições financeiras mais apertadas e a taxa de câmbio mais fraca, associadas aos altos e crescentes riscos de financiamento externo, provavelmente vão impulsionar ainda mais a inflação e minar o crescimento, e o risco de uma crise de balanço de pagamentos continua aumentando”, afirma a agência em comunicado.

Na nota, a Moody’s aponta que, ao passo que os bancos turcos conseguiram até agora manter acesso aos mercados internacionais interbancários para o seu financiamento, as condições financeiras mais apertadas e a lira em enfraquecimento vão elevar ainda mais a pressão sobre credores domésticos com dívida denominada em moeda estrangeira.

Ainda sobre o enfraquecimento institucional, a agência acredita que esse desdobramento sucede “particularmente” a centralização de poderes no nível da Presidência após as eleições em junho, que reelegeram Recep Tayyip Erdogan para o posto. “Desde as eleições, o banco central abdicou de elevar taxas básicas de juros apesar de ter aumentado significativamente suas projeções de inflação para este e o próximo anos. A discrepância entre as projeções de inflação do banco central e suas metas bem como sua indisposição para perseguir uma política monetária apropriada para atingir essas metas minam ainda mais sua credibilidade”, comenta a agência.

A redução da taxa do compulsório para os bancos domésticos é vista pela Moody’s como uma medida de “curto prazo” que não vai de encontro às pressões subjacentes sobre o setor bancário nem tampouco às crescentes pressões inflacionárias.

Já em relação à mudança da perspectiva do rating da Turquia para negativa, a agência explica que a probabilidade de que as autoridades do país consigam engendrar uma “aterrissagem suave” para a economia está diminuindo no contexto de instituições enfraquecidas e tensões crescentes com os EUA. “Portanto, o risco da continuação de estresse financeiro é significativo, com, potencialmente, novas implicações negativas para bancos e empresas turcos que têm grandes necessidades de financiamento externo.”