O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 0,7% em maio ante abril, segundo o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Na comparação com maio de 2019, a economia teve uma retração de 13,3% em maio de 2020.

Em nota, a FGV destacou que as fortes retrações em todos os componentes do PIB, tanto pela ótica da oferta quanto pela ótica da demanda, foram concentradas em março e abril, por causa do isolamento social adotado na contenção da pandemia de covid-19. Em abril, o Monitor do PIB havia apontado uma retração de 9,3% frente a março.

“Apesar do crescimento de 0,7% frente a abril, ainda é cedo para afirmar que este resultado indica uma retomada da economia tendo em vista que falta ainda muito para recuperar a enorme perda acumulada de 13,9% registrada nos meses de março a abril deste ano. Cabe ressaltar que a situação da economia é ainda muito frágil e mesmo com o crescimento observado em maio, a economia encontra-se em patamar 13,2% abaixo do que apresentava em fevereiro”, diz a nota da FGV.

Mesmo com a alta de 0,7% ante abril, a FGV chamou a atenção para o fato de duas atividades ainda terem apresentado quedas em maio: “outros serviços”, com retração de 0,9% ante abril, e a “construção civil”, com baixa de 1,5%.

Com a alta de maio, o Monitor do PIB apontou uma queda de 10,5% no trimestre móvel encerrado em maio, ante o trimestre móvel imediatamente anterior, terminado em fevereiro.

O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.

Atividades

Em meio à pandemia de covid-19, as atividades de saúde pública e de saúde privada recuaram no PIB de maio, na comparação com igual mês de 2019, conforme os cálculos do Monitor. A atividade de saúde pública recuou 26,0%, enquanto a saúde privada caiu 19,7%.

“Essas quedas de produção da atividade de saúde, tanto pública como privada, estão, provavelmente, associadas ao adiamento de consultas e exames devido ao isolamento social”, diz a nota divulgada pela FGV.

As atividades de saúde têm peso relativamente pequeno no PIB como um todo, representando, somadas, 4,3% da economia, conforme dados de 2017 – 2,0% para a atividade de saúde pública, 2,3% para a atividade de saúde privada.

Assim, a queda de 26,0% na atividade de saúde pública puxou a retração de 2,0% no PIB da “administração pública” – uma das 12 atividades das Contas Nacionais Trimestrais, do IBGE. Sozinha, a atividade de saúde pública contribuiu com 3,4 ponto porcentual (p.p.) da queda da “administração pública”, já que contribuiu com 13% dessa atividade.

“Apesar de ter pouca representatividade, em termos de ponderação, o expressivo recuo da atividade de saúde pública foi o responsável por tornar a variação da atividade de Administração Pública negativa, tendo em vista que a contribuição dos demais componentes do setor foi positiva”, diz a nota da FGV.

Já a atividade de saúde privada está incluída na atividade “outros serviços”, na qual contribui com 15,1%. Com a queda de 19,7% ante maio de 2019, a saúde privada contribuiu com 1,4 p.p. do tombo de 24,6% registrado no PIB de “outros serviços” ante maio de 2019.