A firme valorização do dólar continuou nesta quinta-feira, em meio as expectativas por aceleração do aperto monetário nos Estados Unidos. Durante a manhã, o índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes, atingiu máxima desde o final de 2002, há quase 20 anos.

O DXY fechou em alta de 0,65%, a 103,623 pontos. A inesperada contração anualizada de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre, informada hoje, chegou a atenuar os ganhos, mas logo depois a tendência de valorização foi retomada.

Entre os fatores por trás do movimento, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve aumentar a taxa básica de juros em 50 pontos-base na próxima semana. A ferramenta de monitoramento do CME Group já aponta probabilidade de quase 90% de elevação de 75 pontos-base no encontro de junho.

As incertezas sobre o crescimento da economia global, em meio a novas restrições contra covid-19 na China, também contribuem para a alta mundial do dólar. “É difícil ver esse ambiente mudando nos próximos seis meses, o que significa que esse boom do dólar parece destinado a continuar”, afirma o ING.

A divergência nas perspectivas de um Fed mais duro no combate à inflação do que os pares de economias desenvolvidas pressiona as divisas desses países. O iene, por exemplo, renovou mínima desde abril de 2002, após o Banco do Japão (BoJ) anunciou manutenção da taxa de depósitos em -0,1% ao ano. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 130,94 ienes.

Já o euro caía a US$ 1,0505 e a libra, a US$ 1,2467. O analista Joe Manimbo, do Western Union, avalia que a divisa comum europeia é prejudicada pelo recrudescimento das tensões entre Rússia e Europa no setor de energia. Após a Rússia cortar o fornecimento de gás a Polônia e Bulgária, a Alemanha retirou a oposição a um embargo total ao petróleo russo, de acordo com reportagem do The Wall Street Journal.