O DXY, que mede a variação do dólar ante seis moedas fortes, caiu nesta terça-feira, 24. A divisa norte-americana foi pressionada pelo avanço do euro, após dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) reforçarem a percepção de que a entidade deve subir a taxa básica de juros em breve, sem descartar um aumento de meio ponto porcentual em alguns casos. Indicadores de economias europeias e dos EUA também foram acompanhados.

No fim da tarde em Nova York, o euro apreciava a US$ 1,0739, a libra tinha queda a US$ 1,2537 e o dólar cedia a 126,86 ienes. O índice DXY fechou em baixa de 0,21%, aos 101,857 pontos.

O euro teve nova sessão de ganhos ante a moeda americana, em meio a comentários de vários dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), que indicaram que a primeira alta de juros em mais de uma década está no horizonte da autoridade monetária, com julho considerado o mês mais provável para o ajuste. “A presidente do BCE Christine Lagarde sinalizou esta semana que oito anos de taxas de juros negativas do BCE podem terminar no próximo trimestre, uma perspectiva mais agressiva que iluminou materialmente as perspectivas de curto prazo do euro”, resume o Western Union.

Além de Lagarde, os presidentes dos BCs da Áustria, Robert Holzmann, e da Letônia, Martin Kazaks, também falaram sobre a política monetária na zona do euro, embora com posturas mais agressivas ao indicarem a possibilidade de aumento do juro em 50 pontos-base, ao invés da alta esperada de 25 pontos-base. Chefe do BC francês, François Villeroy de Galhau argumentou na direção contrária.

A Capital Economics afirma que a fraqueza recente do dólar se dá pelas movimentações hawkish de BCs ao redor do mundo, “especialmente na zona do euro”, após o Fed iniciar seu ciclo de aperto monetário. Para a casa, o mercado cambial está focado em outros fatores e, por isso, o dólar não responde positivamente ao desempenho fraco das ações nos EUA, como costuma ocorrer quando Wall Street entra em um período de baixas.

A força do euro resistiu, inclusive, à queda no PMI composto da zona do euro em maio. Já o da Alemanha avançou, puxado pelo bom desempenho do setor industrial. Já a libra foi penalizada pela queda do PMI composto britânico ao menos nível em 15 anos, e o dólar sofreu com o tombo de 16,6% nas vendas de moradias novas entre março e abril nos EUA.

Entre emergentes, o rublo russo mais uma vez avançou ante o dólar, que baixava a 57,160 rublos no horário mencionado. Analistas, no entanto, consideram a cotação artificial, uma vez que a Rússia adotou uma série de controles de capitais para mitigar os efeitos das sanções ocidentais, na esteira da invasão da Ucrânia. “A taxa de câmbio tornou-se sem sentido por sanções e controles de capital”, explica o BBH.

Já a lira turca aprofundou quedas ante o dólar hoje, fazendo com que a divisa americana atingisse a marca de 16 liras. De acordo com o TD Securities, a última vez que esse nível foi atingido foi em dezembro, durante a última crise da lira. “Como destacamos recentemente, o Banco Central da República da Turquia (CBRT) voltou a queimar reservas para conter a depreciação da lira – um esforço que provavelmente falhará na ausência de aumentos de taxas em larga escala”, destaca em relatório enviado a clientes. No mesmo horário, o dólar avançava a 16,1106 liras turcas.