O dólar se fortaleceu frente suas principais rivais nesta quarta-feira. Considerado porto seguro dos investidores, a divisa americana ganhou forças diante dos temores sobre os impactos econômicos das medidas para conter o avanço da covid-19 na China, além de novas notícias sobre a guerra da Rússia na Ucrânia. O corte do fornecimento de gás russo para a Polônia e Bulgária pesou sobre o sentimento dos consumidores.

O índice DXY, que mede o dólar contra seis moedas competitivas, fechou em alta de 0,64%, a 102,954 pontos, depois de ter alcançado o maior nível desde janeiro de 2017. No fim da tarde em Nova York, o euro caía a US$ 1,0556 e a libra, a US$ 1,2544, enquanto o dólar subia a 128,35 ienes.

Analista da Western Union, Joe Manimbo afirma que a renovada incerteza geopolítica levou a outra rodada de compra da moeda americana, que atingiu o pico em diversos anos. Em sua análise, a marca do dólar se dá com as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) faça “grandes” aumentos na taxa básica de juros para conter a inflação. “Além disso, funciona como porto seguro das preocupações de que uma economia chinesa vulnerável detenha o crescimento global”, diz Manimbo.

A suspensão de fornecimento de gás natural da Rússia para a Polônia e Bulgária também impulsionou a alta do dólar, uma vez que o “sentimento nervoso” persiste no mercado, observa o analista. Se o pagamento não for feito em rublos, mais países podem sofrer com o corte, disse o Kremlin.

Para Edward Moya, analista da Oanda, o dólar não deve se enfraquecer “tão cedo”, à medida que o índice de confiança do consumidor da Alemanha registrou um novo recorde, em abril, com recuo maior do que o esperado por analistas. Ainda, “de acordo com as expectativas, o diferencial da taxa de juros só se tornará mais amplo entre o euro e o dólar”. A moeda comum europeia caiu ao menor nível em cinco antes ante o dólar nesta sessão.

Estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima aponta que o yuan caiu cerca de 3% contra o dólar desde a semana passada, “num claro sinal de easing monetário pelo Banco do Povo da China PBoC, na sigla em inglês”. Hoje, porém, a moeda se fortaleceu brevemente com corte da taxa de compulsório em moeda estrangeira pelo PBoC. Silva afirma que a pressão para desvalorização do yuan “vem de diversos vetores do mercado de capitais”, em meio às reformas no sistema regulatório chinês e à “desvalorização dos ativos chineses que tem provocado um recorde de saída nos mercados de capitais”. “Essa desvalorização do Yuan contra o dólar pode ser o começo de uma nova fase do regime cambial chinês, como foi em 2015/2016”, afirma, em relatório. No horário citado, o dólar subia a 6,5615 yuans contra 6,5578 yuans no fim da tarde de ontem.

*Com informações da Dow Jones Newswires.