O dólar avançou ante moedas rivais nesta quarta-feira, impulsionado pela criação de 692 mil vagas de trabalho no setor privado dos Estados Unidos em junho, segundo estimou pesquisa da ADP. O relatório veio dois dias antes do dado oficial de criação de empregos no mês, e reforçou expectativas por um desempenho robusto do mercado de trabalho americano. Já o euro se enfraqueceu diante da disseminação da variante delta do coronavírus na Europa.

O índice DXY, que mede a variação da divisa americana ante seis pares, fechou em alta de 0,42%, aos 92,436 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro recuava a US$ 1,1863, a libra tinha leve queda a US$ 1,3834 e o dólar avançava a 111,05 ienes.

“O dólar operou próximo de picos recentes em clima de otimismo cauteloso, diante da perspectiva de que os dados de emprego da próxima sexta-feira, 2, podem apontar para um mercado de trabalho fortalecido” nos EUA, explicou o analista sênior do Western Union Joe Manimbo, se referindo ao payroll de junho.

Apesar do forte resultado registrado pela ADP, a Capital Economics alerta que é necessária “cautela” ao olhar o dado, já que a instituição recentemente superestimou a criação de empregos nos EUA em relação aos dados oficiais. A consultoria espera geração de 500 mil vagas em junho, número que corroboraria a visão de alguns dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que a retomada plena do mercado de trabalho americano ainda não foi atingida.

Dentre eles, o presidente da distrital de Richmond da entidade, Thomas Barkin disse hoje que ainda há caminho até o “pleno emprego”, mas afirmou que prevê a resolução dos gargalos na oferta de mão de obra nos EUA nos próximos meses. De acordo com ele, o Fed só elevará a sua taxa básica de juros quando o país estiver mais perto da meta de máximo emprego.

Na Europa, o dia foi de cautela generalizada diante da disseminação da variante delta do coronavírus, identificada pela primeira vez na Índia e com maior potencial de contágio. A cepa pode corresponder a 90% dos casos de covid-19 no continente até agosto, segundo alertou Lothar Wieler, presidente da agência de saúde pública Instituto Robert Koch. Na França, o temor é por uma quarta onda de infecções, segundo Jean-François Delfraissy, principal conselheiro científico do país.

Ainda que espere por uma melhora da economia europeia por meio da normalização da cadeia de turismo no segundo semestre, o Morgan Stanley avalia que a variante delta é um “sério risco” a esta projeção, “uma vez que poderia reduzir as viagens dentro da União Europeia e a inflação do setor de hotéis em economias dependentes do turismo”, ressalta o banco em relatório.