O dólar operou em alta ante moedas rivais relacionadas ao sentimento por risco, como o euro e a libra, mas depreciou na comparação com pares vistas como ativos seguros de investidores, em meio à cautela que prevaleceu no mercado cambial nesta segunda-feira, 16. Dados econômicos abaixo do esperado na China, a crise geopolítica que envolve o avanço do Taleban no Afeganistão e a expectativa pela ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) contribuíram para este cenário.

O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares fortes, subiu 0,12%, aos 92,628 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro recuava a US$ 1,1777, e a libra depreciava a US$ 1,3843. Já o dólar cedia a 109,25 ienes e 0,9124 francos suíços.

Na China, as vendas no varejo e a produção industrial de julho subiram 8,5% e 6,4% ante o mesmo mês de 2020, respectivamente. Os avanços, no entanto, vieram abaixo do esperado e reforçaram a leitura de que a segundo principal potência global perde fôlego em meio à disseminação da variante delta do coronavírus e condições de crédito mais restritas, segundo a Capital Economics.

A consultoria britânica estima que a desaceleração da economia chinesa deve prejudicar moedas de países exportadores de commodities, como o real brasileiro, o rand sul-africano e o dólar australiano. No horário citado, o dólar subia a 14,8598 rands e o dólar australiano caía a US$ 0,7336.

Adicionando ao clima de cautela provocado pelos dados da China, o ING diz que a crise geopolítica instaurada no Afeganistão com o avanço do grupo extremista Taleban, após o início da retirada de tropas americanas do país, apoia o dólar, em um contexto de apetite por risco já frágil e de expectativa pela ata da mais recente reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed, que sai na próxima quarta-feira.

De acordo com o banco holandês, o documento “poderia continuar a impulsionar as expectativas hawkish em relação ao Fed”. Hoje, durante entrevista ao The Wall Street Journal, o presidente da distrital de Boston do BC americano, Eric Rosengren, disse que o programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) do Fed pode acabar em meados de 2022, caso o progresso econômico nos EUA siga forte.

O dirigente disse defender o começo do tapering, como é chamado o processo de retirada gradual dos estímulos monetários, durante o outono americano, que ocorre entre a segunda metade dos meses de setembro e dezembro.