O dólar operou em baixa nesta sexta-feira junto à maioria das moedas, com desvalorização perante rivais e emergentes, de olho na possível eleição de Joe Biden nos Estados Unidos. Com isso, após chegar a se estabilizar logo no início do dia, a divisa americana retomou trajetória negativa.

No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 103,30 ienes, o euro subia a US$ 1,1886 e a libra tinha alta a US$ 1,3164. O índice DXY, que mede a moeda americana frente a seis outras divisas principais, fechou em baixa de 0,32%, a 92,229 pontos.

A divulgação de um payroll melhor do que o esperado para outubro nos EUA não teve grande alteração na tendência de queda do dólar. A incerteza política e econômica nos EUA levou a moeda a atingir mínimas em meses nos últimos dias, com a possibilidade de resultados contestados judicialmente na eleição. Além disso, a Western Union comenta em relatório que diminuem as chances de estímulos fiscais mais robustos, com o quadro político atual.

Na Europa, a expectativa de um acordo orçamentário na zona do euro ajudou a moeda única a ter seu maior valor perante o dólar em dois meses, aponta a Western Union. Já a alta da libra foi mais contida, ainda repercutindo a decisão de política monetária de ontem do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês).

Entre as moedas emergentes, a queda no preço do petróleo limitou algumas altas. O rublo teve baixa relevante. Além do petróleo, o ING lembra que há problemas na economia russa, como o déficit fiscal, os quais impõem um “limite à recuperação”. A sessão ainda contou com rumores sobre o possível afastamento do presidente Vladimir Putin, por um suposto problema de saúde. Com esse conjunto, o dólar era cotado a 77,456 rublos no horário mencionado.

O Barclays avalia que uma presidência de Biden é fator positivo para moedas emergentes por mudanças “estruturais”, enquanto a possível divisão no Congresso americano dificulta a aprovação de um novo pacote fiscal mais robusto. Neste cenário, a política monetária se vê na responsabilidade de estimular a economia, o que pode dar “alívio a bancos centrais emergentes”, acredita o banco britânico.

Na Turquia, a lira atingiu hoje sua mínima histórica perante o dólar, em um cenário no qual o governo de Ancara segue sem agir para conter a grande desvalorização cambial. Analistas veem como inevitável uma alta de juros antes do final do ano, em uma conjuntura na qual as tensões geopolíticas nas múltiplas frentes são crescentes, e ganham agora a potencial atenção de Biden, que tende a ser mais incisivo na reação ao presidente Recep Erdogan. No fim da tarde, o dólar era cotado 8,5142 liras.

Já entre os emergentes em alta estiveram o peso mexicano, com o dólar cotado a 20,5400, e o rand sul-africano, a 15,5991, no horário citado.