O dólar recuou ante outras moedas fortes no pregão desta segunda-feira, 6, em meio a um otimismo nos mercados financeiros globais com a retomada econômica pós-pandemia, alimentado por um rali nas bolsas chinesas, e com a força do euro, beneficiado pela expectativa de que líderes da União Europeia cheguem a um acordo para um fundo de recuperação.

No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 107,37 ienes, o euro subia a US$ 1,1311 e a libra tinha alta a US$ 1,2495. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante seis rivais, caiu 0,46%, a 96,725 pontos.

“No final de semana, o número de casos de coronavírus nos EUA atingiu novos recordes, mas o rali em moedas e ações nesta segunda-feira sugere que os investidores não se incomodam com a crescente crise de saúde nos EUA”, afirma a diretora de estratégias cambiais da BK Asset Management, Kathy Lien.

No pregão desta segunda, o apetite por risco prevaleceu sobre a busca por segurança, após um rali nos mercado acionário da China, impulsionado por uma expectativa de “bull market”.

Indicadores da economia americana também geraram otimismo. O índice ISM de atividades de serviços, por exemplo, saltou de 45,5 em maio para 57,1 em junho. Já o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços avançou de 37,5 para 47,9 em igual período.

“O otimismo da recuperação está ofuscando as preocupações de que o surgimento de casos de coronavírus possa retardar ou impedir o progresso econômico”, avalia o analista de mercado Joe Manimbo, do Western Union.

O euro, que é a divisa com maior peso no índice DXY, foi beneficiado por diversos fatores. De acordo com o Société Générale, a expectativa de que a União Europeia consiga chegar a um acordo para o fundo de recuperação de 750 bilhões de euros proposto pela Comissão Europeia impulsionou a moeda. Além disso, o Financial Times noticiou que o banco central da Alemanha (Bundesbank) vai continuar comprando bônus soberanos no programa de relaxamento quantitativo (QE) do Banco Central Europeu (BCE).

Houve, ainda, ajuda de indicadores econômicos. As encomendas à indústria alemã subiram 10,4% em maio ante abril e as vendas no varejo da zona do euro avançaram 17,8% em igual período.

Ante moedas emergentes e ligadas a commodities, o dólar também recuou. No final da tarde em Nova York, a moeda americana cedia a 70,5776 pesos argentinos, a 17,0108 rands sul-africanos, 22,3570 pesos mexicanos.

Na Argentina, o presidente Alberto Fernández anunciou que seu governo vai propor uma nova oferta aos credores da dívida e estender a negociação para o final de agosto.

A moeda americana também cedeu hoje a 799,90 pesos chilenos. No Chile, o presidente Sebastián Piñera anunciou ontem um projeto fiscal de US$ 1,5 bilhão à classe média do país.