O dólar operou em queda ante rivais perto do fim do pregão em Nova York nesta terça-feira, revertendo ganhos das primeiras horas de pregão. O movimento ocorreu à medida que dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), incluindo o seu presidente Jerome Powell, sinalizarem por uma postura menos “hawkish” da instituição, quase uma semana depois de a entidade atualizar suas projeções para alta dos juros e começar a discutir o processo de retirada da acomodação financeira.

O índice DXY, que mede a variação do dólar em relação a seis pares, recuou 0,16%, aos 91,756 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro se valorizava a US$ 1,1942, a libra subia a US$ 1,3943, enquanto o dólar subia a 110,63 ienes, mantendo a alta de mais cedo ante a divisa japonesa.

A moeda norte-americana reagiu principalmente às falas de Powell ao subcomitê para crise do coronavírus da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. O presidente do Fed descartou uma alta preventiva da taxa básica de juros da entidade, e disse preferir esperar que a inflação ao consumidor no país de fato suba antes de realizar a elevação.

Powell ainda avaliou que há “um longo caminho até a recuperação” no pós-pandemia e reiterou sua visão de que o forte avanço inflacionária nos EUA se dá por fatores temporários.

Os comentários do banqueiro central refletiram os de outros dirigentes do Fed nesta terça. Dentre eles, o presidente da distrital de NY da entidade, John Williams, defendeu a continuação do apoio monetário nos EUA, enquanto a chefe do Fed de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que a economia americana ainda não atingiu os requisitos para o “tapering”, como é chamado o processo de retirada gradual dos estímulos.

Já a presidente da distrital de São Francisco do BC americano, Mary Daly, afirmou a repórteres que é possível que as metas de inflação um pouco acima de 2% ao ano e pleno emprego do Fed sejam atingidas no fim do ano, posicionando a economia para que a entidade inicie a redução do apoio monetário.

De acordo com a Stifel Economics, desde a última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), cujo comunicado indicou uma postura de defesa por menos acomodação financeira nos EUA, os dirigentes do Fed têm enviado “mensagens conflitantes” ao mercado. A casa destaca, por exemplo, o posicionamento mais hawkish dos presidentes das distritais de Dallas, Robert Kaplan, e de St. Louis, James Bullard, em contraste com falas de tom dovish de John Williams, do Fed de NY.

Em dia de agenda sem grandes drivers na Europa, investidores acompanharam a divulgação do índice de confiança do consumidor na zona do euro, que subiu a -3,3 em junho, um pouco acima das previsões de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.