O dólar operou sem direção única nesta terça-feira na comparação com moedas concorrentes, pressionado por resultados fracos de indicadores da economia dos Estados Unidos, mas sob apoio do euro, que recuou diante das incertezas envolvendo a vacinação contra o novo coronavírus na Europa. O mercado também ficou em ritmo de espera pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que sairá na tarde de amanhã.

No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 108,97 ienes, o euro se desvalorizava a US$ 1,1910 e a libra tinha baixa a US$ 1,3903. O índice DXY, que mede o dólar ante seis outras divisas fortes, avançou 0,03%, a 91,865 pontos.

O principal impulso ao dólar hoje veio do euro, que recuou ante a moeda americana com o programa de vacinação da União Europeia sofrendo um novo golpe, após diversos países do continente suspenderem o uso do imunizante da AstraZeneca por conta de possíveis efeitos colaterais graves provocados pelo produto. Diante deste cenário, a moeda comum dissipou os ganhos com a alta no índice ZEW de expectativas econômicas na Alemanha em março.

Apesar da queda, a Capital Economics avalia que o euro não deve acumular mais perdas ante o dólar no futuro próximo. Para a consultoria, o Fed deve reforçar o seu apoio a uma política monetária acomodatícia, afastando especulações de que a entidade pode subir os juros antes do esperado diante da melhora do cenário econômico nos EUA, o que, em tese, apoiaria o dólar. A casa também estima que a ampliação do spread entre os rendimentos da T-note de 10 anos e os juros dos Bunds alemães não continuará, em movimento que dará mais apoio para o euro “recuperar o terreno perdido” em sessões recentes.

Em contrapartida à fraqueza do euro, dados fracos da economia americana para o mês de fevereiro reduziram os ganhos do dólar hoje. As vendas no varejo caíram 3,0%, na comparação com janeiro, enquanto a produção industrial do mês recuou 2,2%. Analistas, porém, estimam que ambos os indicadores registrarão recuperação em breve, diante do pacote de estímulos fiscais nos EUA e a normalização da cadeia produtiva no país.

Agora, o mercado fica de olho na decisão monetária do Fed amanhã. Segundo o analista do Saxo Bank, John Hardy, qualquer sinalização de dirigentes da instituição por um aumento de juros antes do previsto deve fazer com os rendimentos dos Treasuries subam, levando o dólar consigo. “Mais alguns membros do Fed mudando para uma previsão de decolagem da economia em 2022 podem impressionar o mercado e fazer com que o dólar e os rendimentos dos EUA aumentem”, diz o analista.

*Com informações de Dow Jones Newswires