O dólar registrou queda ante outras moedas fortes, ficando sem sinal único comparação com várias emergentes, em um cenário de relativa cautela por conta do avanço do coronavírus, mas também de notícias sobre o acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) por cortes na produção.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 107,64 ienes, enquanto o euro recuava a US$ 1,0918 e a libra subia a US$ 1,2516. O índice DXY, que mede a variação da divisa americana frente a uma cesta de seis rivais fortes, registrou baixa de 0,16%, a 99,348 pontos.

“O dólar recebeu um golpe na semana passada depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou uma nova rodada de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês). Da última vez em que isso aconteceu, em março, a moeda eventualmente se recuperou e vemos a mesma dinâmica agora”, avalia o BBH.

Segundo a diretora da BK Management, Kathy Lien, as divergências entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o principal imunologista do governo, Anthony Fauci, não ecoaram bem no mercado, embora a Casa Branca tenha negado que haja planos de demiti-lo. A analista destaca que a temporada de balanços, que começa nesta semana, também provoca cautela. “Nada disso é boa notícia para o dólar e para os mercados americanos, no que pode ser uma semana precária”, avalia.

Ante moedas emergentes e ligadas a commodities, o dólar caía a 23,6518 pesos mexicanos, a 6,7786 liras turcas e a 73,636 rublos russos, no fim da tarde em Nova York. Por outro lado, avançava a 18,1226 rands sul-africanos e a 65,3305 pesos argentinos. No caso do peso da Argentina, há preocupações com a economia local, que já estava em dificuldades antes do coronavírus, enquanto o governo tenta renegociar a dívida com os credores privados e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Moedas expostas ao petróleo ficaram pressionadas, apesar do corte recorde da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de quase 10 milhões de barris por dia na produção”, avalia o Western Union, acrescentando que essas divisas ficarão sensíveis aos dados referentes ao impacto econômico do coronavírus. Hoje, porém, algumas delas ainda assim subiram frente ao dólar, como o rublo e o dólar canadense (o dólar dos EUA recuava a 1,3870 dólar canadense, no fim da tarde).