O dólar operou em baixa ante moedas rivais nesta quinta-feira, diante da menor busca por segurança nos mercados após atas do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Banco Central Europeu (BCE), divulgadas entre a quarta-feira e esta quinta, indicarem postura dovish das entidades monetárias. A queda nos rendimentos dos Treasuries, os títulos da dívida pública dos Estados Unidos, também apoiou a desvalorização da moeda americana, já que o movimento indica menor venda dos títulos, que concorrem com o dólar como ativo de segurança.

O DXY, índice que calcula a variação do dólar ante seis divisas concorrentes, fechou em queda de 0,43%, aos 92,455 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro se valorizava a US$ 1,1914, e o dólar recuava a 130,25 ienes. Já a libra registrava fraqueza ao fim da sessão de hoje, em queda a US$ 1,3736, pressionada por preocupações quanto ao atraso na vacinação contra a covid-19 no Reino Unido. A moeda britânica chegou a subir ao longo do dia, mas a alta não se sustentou.

Na manhã desta quinta foi divulgada a ata da mais recente reunião de política monetária do BCE. Segundo mostrou o documento, os dirigentes da entidade monetária europeia não esperam um superaquecimento da economia do continente, e tampouco demonstraram preocupação com a alta recente nos bônus de títulos públicos, creditando o movimento à melhora nas perspectivas para a economia. Além disso, a ata afirma que o nível do programa emergencial de compra de ativos do banco, aumentado na última decisão do BCE, sequer foi questionado pelos membros do comitê de política monetária.

A postura do BCE espelha, em grande parte, a de dirigentes do Fed, que também têm se posicionado de forma dovish ante a recuperação da crise do coronavírus. Presidente da distrital de Minneapolis do BC americano, Neel Kashkari afirmou que a alta da inflação no país deve ser temporária, replicando comentários feitos durante a mais recente reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed, segundo mostrou a ata publicada ontem, e pelo presidente da instituição, Jerome Powell. O posicionamento das entidades monetárias ajudou a elevar o apetite ao risco de investidores, favorecendo moedas como o euro e pressionando o dólar durante a sessão.

O mercado ainda reagiu à alta nos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA na semana passada, para 744 mil. A expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal era de baixa no indicador. O DXY chegou a bater mínimas após a divulgação do dado, com investidores de olho em possíveis gargalos na recuperação do mercado de trabalho americano.

“Com o mercado de trabalho indo na direção oposta à recuperação, o dado ressaltou a ata do Fed desta semana, que enfatizou como a economia estava longe do que a entidade considera saudável”, avaliou o analista sênior do Western Union Joe Manimbo. “Dados que reforçam a postura dovish do Fed provavelmente manterão os rendimentos dos Treasuries e o dólar ancorados”, completou o economista, em nota enviada a clientes.