O dólar se fortaleceu ante moedas rivais e de países emergentes nesta quarta-feira, impulsionado por um ambiente de aversão a risco nos mercados globais. O movimento também refletiu alguma recuperação da divisa americana após perdas nas três sessões anteriores, enquanto investidores na Europa acompanharam dados fortes de inflação.

O índice DXY, que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, fechou em alta de 0,44%, aos 103,810 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro cedia a US$ 1,0468, a libra recuava a US$ 1,2342, e o dólar baixava a 128,25 ienes – a moeda japonesa é considerada um ativo seguro no mercado cambial.

O sentimento avesso ao risco se intensificou nas mesas de operação após circular a notícia de que a China aplicou uma nova quarentena por causa da covid-19, dessa vez na região portuária de Binhai, em Tianjin.

Apesar do movimento contrário ontem, analistas ressaltam uma reavaliação das falas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em evento do The Wall Street Journal ontem, quando o dirigente abriu possibilidade de subir o juro nos EUA a uma taxa superior à neutra, pressionando o crescimento da principal economia global.

“O dólar americano mostrou recuperação após uma queda de três dias”, diante de uma “retórica hawkish de Powell”, destaca o Western Union, em seu relatório diária sobre o mercado cambial.

Na Europa, a libra se enfraqueceu perante a moeda americana após ser divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de abril, que subiu 9,0% em relação ao mesmo mês do ano passado. O resultado veio abaixo do esperado, mas ainda representou o maior acréscimo anual da inflação em quatro décadas, segundo a Capital Economics.

A consultoria britânica estima um CPI de dois dígitos no Reino Unido em outubro, antes de arrefecer, mas não à meta de 2% do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês). Com isso em mente, o juro por lá deve subir de 1,0% atualmente a 3,0%, prevê a casa.

A zona do euro também divulgou seu CPI de abril, que manteve a alta anual recorde de 7,4% registrada no mês passado. Com a forte inflação no bloco, dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), como Olli Rehn, Pablo Hernández de Cos e Madis Muller, reforçaram a defesa pelo início do ciclo de alta do juro básico.

Ao contrário de outras moedas de países emergentes, o rublo russo se valorizou hoje após o Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia registrar avanço anual de 3,5% no primeiro trimestre de 2022. No período citado, o dólar caía a 64,785 rublos.