Mais de 200 moderadores de conteúdo do Facebook exigiram melhores medidas de proteção da saúde e de segurança nesta quarta-feira (18), enquanto a gigante da mídia social chama os trabalhadores a voltarem aos escritórios durante a pandemia.

Uma petição assinada por trabalhadores contratados que vivem em vários países afirma que o Facebook deve garantir melhores condições ou permitir que os trabalhadores continuem o trabalho remoto.

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“Depois de meses permitindo que moderadores de conteúdo trabalhassem em casa, enfrentando intensa pressão para manter o Facebook livre de ódio e desinformação, vocês nos obrigaram a voltar ao escritório”, diz a carta aberta, divulgada pela organização jurídica britânica Foxglove.

A carta apela ao Facebook para “manter os moderadores e suas famílias seguros”, mantendo o trabalho remoto o maior tempo possível e oferecendo “subsídio de risco” para aqueles que comparecerem ao escritório.

Quando a pandemia explodiu, o Facebook mandou para casa a maior parte de seus moderadores de conteúdo – os responsáveis por filtrar imagens violentas e de ódio, assim como outros conteúdos que violam as regras da plataforma.

Mas a empresa percebeu limitações no trabalho remoto e se voltou para sistemas automatizados utilizando inteligência artificial, que também tem suas falhas.

A carta diz que o ambiente atual destaca a necessidade de moderadores humanos. “A IA não está à altura do trabalho. Discursos importantes foram varridos para o filtro do Facebook e conteúdos arriscados, como a automutilação, se mantiveram”, informou o texto.

“A lição é clara. Os algoritmos do Facebook estão a anos de distância de atingir o nível necessário de sofisticação para moderar o conteúdo automaticamente. Eles podem nunca chegar lá.”

A petição afirma, ainda, que o Facebook deveria considerar tornar os moderadores funcionários completos – que na maioria dos casos poderão continuar trabalhando remotamente até meados de 2021.

“Ao terceirizar nossos empregos, o Facebook sugere que os 35.000 de nós que trabalham com moderação somos de alguma forma periféricos à mídia social”, diz a carta.

“Ainda assim, somos tão essenciais para a viabilidade do Facebook que devemos arriscar nossas vidas para trabalhar”.

O Facebook não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da AFP.