Um missionário espanhol e quatro agentes alfandegários morreram nesta sexta-feira em um ataque atribuído a extremistas contra um posto móvel de aduana em Burkina Faso, segundo um comunicado da congregação salesiana e fontes de segurança do país.

“Assassinado o salesiano espanhol Antonio César Fernández em um ataque extremista entre Togo e Burkina Faso. O missionário, de 72 anos, foi abatido a tiros”, anunciou a Província Salesiana Maria Auxiliadora no Twitter.

Segundo a congregação, o sacerdote, que trabalhava na África desde 1982 e vivia em Uagadugu, retornava de uma reunião em Lomé, capital do Togo, com outros dois religiosos, que sobreviveram ao ataque.

“Foram atacados por homens armados, supostamente jihadistas, após terem passado pela fronteira”, indicou o representante da congregação José Elegbede, em comunicado.

Está previsto que o corpo seja transferido para Lomé, informou.

Segundo o depoimento do motorista, Fabrice Aziawo, o grupo foi “atacado por terroristas em barreira”.

“Homens armados levaram César e eu ao bosque. Escutei disparos. Me mandaram me virar e logo vi César caído no chão”, descreveu.

O chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, condenou o ataque em uma mensagem de condolências à família e aos colegas do padre andaluz, que foi missionário em vários países africanos desde 1982.

“Minha repulsa mais absoluta a este ataque e meu reconhecimento aos cooperadores e voluntários que arriscam suas vidas trabalhando em áreas de conflito”, publicou no Twitter.

De acordo com uma fonte de segurança de Burkina, “uma equipe móvel da alfândega de Cinkassé, que havia instalado um posto de controle em Nohao (leste), sofreu um ataque terrorista na sexta-feira, às 17h00 (15h00 de Brasília)”.

Um primeiro balanço de sexta-feira à noite falava em três agentes alfandegários mortos, mas foi revisado para quatro, além do padre, segundo a fonte de segurança.

“Foi obra de um grupo de 20 indivíduos armados que, depois, fugiram para a zona florestal”, informou outra fonte de segurança.

– Crise humanitária –

Como país pobre da região do Sahel, há quatro anos Burkina Faso tem enfrentado ataques cada vez mais frequentes e mortais atribuídos a grupos jihadistas. Inicialmente concentrados no norte do país, estenderam-se estenderam para outras regiões, incluindo o leste.

Os ataques, atribuídos principalmente aos movimentos extremistas Ansaroul Islam e Grupo de Apoio ao Islã e os Muçulmanos (GSIM), deixaram mais de 300 mortos desde 2015, segundo uma contagem da AFP, e até mais de 500, de acordo com outras fontes.

Frente à proliferação sem precedentes de ataques jihadistas nos últimos meses, Burkina Faso realizou nas últimas semanas uma reestruturação importante do alto comando militar, com a nomeação de um novo chefe do estado-maior, um novo chefe de pessoal do Exército e novas autoridades à frente das três regiões militares do país. Os ministros da Defesa e Segurança foram substituídos em janeiro.

Mas as forças de segurança parecem impotentes em sua capacidade de frear a onda de ataques jihadistas. Reunidos no começo do mês em Uagadugu, os países do G5 do Sahel (Burkina, Mali, Mauritânia, Níger e Chade) pediram à comunidade internacional uma ajuda maior para lutar contra os grupos jihadistas.

Em Burkina, a situação da segurança provocou uma crise humanitária, segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), que alertou esta semana que “1,2 milhão de pessoas necessitam de assistência urgente”.