Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) afirmaram nesta segunda-feira que, apesar da ausência de acordo durante o fim de semana nas negociações do divórcio com o Reino Unido, ainda há tempo para se alcançar um Brexit com acordo.

“Esperávamos um acordo na noite passada, mas isto não aconteceu. Não é motivo para ficar assustado. Ainda há tempo”, afirmou o chanceler eslovaco Miroslav Lajcak, para quem uma saída do Reino Unido sem acordo seria “o pior resultado para todos”.

Lajcak fez a declaração antes de uma reunião de chanceleres europeus em Luxemburgo, onde, embora não apareçam na agenda, as negociações sobre a saída do Reino Unido, prevista para março de 2019, foram comentadas pelos ministros, inclusive o britânico.

O secretário do Foreign Office, Jeremy Hunt, que destacou avanços, indicou que ainda “há uma ou duas questões muito importantes”, mas que um acordo entre Londres e Bruxelas é possível.

“Todos estão se esforçando muito”, disse.

Hunt, no entanto, afirmou que a primeira-ministra britânica, Theresa May, que enfrenta uma dura pressão interna em seu partido dos defensores de um ‘Brexit duro’, destacou que “não assinará nada que não seja compatível” com o referendo de saída da UE.

Após uma reunião na terça-feira em Luxemburgo dos ministros de Assuntos Europeus para abordar a negociação, sem a presença do secretário britânico, os governantes do bloco discutirão a questão, sem Theresa May, durante uma reunião na quarta-feira à noite que se anuncia decisiva para um Brexit com acordo.

Antes da reunião de cúpula “não serão anunciadas novidades”, de acordo com os porta-vozes autorizados da Comissão (Europeia) e da equipe de negociação, nas palavras do ministro espanhol Josep Borrell, “isso não significa que não haverá um acordo sobre o Brexit, porque ainda há tempo”.

No domingo, uma nova rodada de conversações entre os negociadores europeus e britânicos terminou sem acordo, em consequência das dificuldades para encontrar uma solução satisfatória para ambos que evite o retorno de uma fronteira clássica entre a província britânica da Irlanda do Norte e a Irlanda.

O ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, considerou “frustrante e decepcionante do ponto de vista irlandês” o fracasso das discussões do fim de semana, pois a Irlanda, na visão dele, “é o país mais exposto aos efeitos colaterais do Brexit”.

Sobre a futura relação entre a UE e o território britânico de Gibraltar, cuja negociação acontece de modo bilateral entre Madri e Londres, Borrell indicou que o tema “não será uma pedra no caminho” na negociação mais ampla do Brexit.