Um ministro francês próximo ao presidente Emmanuel Macron, acusado de gastos excessivos em jantares, obras no ministério e aluguel de um apartamento social, se recusou nesta sexta-feira a renunciar, apesar das revelações desconfortáveis para o governo.

Com fotos, testemunhos e documentos, o site investigativo Mediapart revelou que entre outubro de 2017 e junho 2018 uma dúzia jantares foram organizados mobilizando os funcionários da residência do ministro da Transição Ecológica, François de Rugy, então presidente da Assembleia Nacional.

Nesses jantares foram servidas lagosta, champanhe e vinhos excepcionais da adega da Assembleia para entre dez a trinta convidados, em sua maioria amigos e do círculo de relações da esposa de De Rugy, Séverine de Rugy, jornalista da revista de celebridades Gala, acusa a Mediapart.

A revelação chocou a França, que durante sete meses experimentou os protestos do movimento dos “coletes amarelos”, das classes média e popular, contra a pressão fiscal e a queda de seu padrão de vida.

Durante uma visita do ministro na quinta-feira a Deux-Sèvres (centro-oeste), os manifestantes o receberam com uma lagosta gigante inflável, gritando “François, lagosta para todos!”.

Rugy, ex-membro do partido ecologista que se juntou ao movimento do presidente Emmanuel Macron, defendeu-se explicando que os “jantares informais” faziam parte de um “trabalho de representação” no âmbito das suas funções e negou qualquer “noite fastuosa”.

O ministro foi recebido na quinta-feira pelo primeiro-ministro Edouard Philippe e disse que recebeu o apoio do presidente Emmanuel Macron.

“Não tenho absolutamente nenhuma razão para me demitir. Disse isso ao presidente, que não me pediu nada”, insistiu nesta sexta-feira aos veículos BFMTV/RMC.

As revelações embaraçosas não terminam aí. Nesta sexta, o jornal Le Parisien informou que a esposa do ministro usou dinheiro público para comprar um secador de cabelo dourado por 499 euros (561 dólares), uma acusação negada por De Rugy.

Ele também não negou alugar um apartamento perto de Nantes, no oeste da França, mas garantiu que o proprietário e a agência imobiliária nunca lhe disseram que era uma habitação social. “Nunca na minha vida eu apresentei uma candidatura para um apartamento social”, disse ele.

O gabinete do primeiro-ministro Philippe disse na quinta-feira que pediu uma investigação sobre as obras de renovação no valor de 63 mil euros (US$ 71 mil) na casa de De Rugy.