O ministro da Saúde do Equador, Rodolfo Farfán, renunciou nesta sexta-feira ao cargo, no qual ficou por 19 dias, em meio a um escândalo ligado à vacinação de pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários, anunciou a Secretaria de Comunicação.

Em sua carta de demissão, divulgada pela imprensa, Farfán argumentou que motivos “estritamente pessoais” o levaram a deixar o cargo. O presidente Lenín Moreno, que encerrará seu mandato em maio, não se pronunciou sobre o assunto. Farfán substituiu o ministro Juan Carlos Zevallos, questionado por suposto tráfico de influência na aplicação das vacinas.

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O escândalo explodiu quando Zevallos admitiu que sua mãe, 87, e várias pessoas do seu círculo foram vacinadas com as primeiras doses recebidas pelo Equador. Em seguida, soube-se que acadêmicos, políticos, jornalistas e dirigentes esportivos também haviam sido contemplados na campanha de vacinação, que, segundo o plano de governo, deveria ter começado por equipes médicas da linha de frente e centros geriátricos.

Em meio à desconfiança envolvendo Zevallos, a Justiça determinou uma operação esta semana nas instalações do Ministério da Saúde e de um dos hospitais públicos designados para atender pacientes com Covid-19. O Ministério Público investiga supostos desvios no plano de vacinação e pede a lista dos beneficiados, o que não foi cumprido integralmente pelo Ministério da Saúde.

O governo admitiu hoje, após a renúncia de Farfán, que funcionários “considerados da linha de frente nos cuidados com o presidente” foram imunizados, entre eles aqueles que empurram a cadeira de rodas de Moreno, os chefes da segurança presidencial, a assistente e a enfermeira particular do presidente e os responsáveis pela residência oficial. Moreno, 67, e a mulher também foram vacinados.

O Equador, com 17,4 milhões de habitantes, registra mais de 307 mil casos e 16.333 mortos pela Covid-19.