Já no olho do furacão em razão de sua política de controle da pandemia, o ministro britânico da Saúde, Matt Hancock, foi acusado nesta sexta-feira (25) de desrespeitar as regras contra a covid-19, depois que um jornal revelou que ele teve um caso extraconjugal com uma colaboradora.

Em uma audiência parlamentar no mês passado, Dominic Cummings, polêmico ex-assessor do primeiro-ministro Boris Johnson, acusou Hancock de ter “mentido” em várias ocasiões sobre como lidou com a crise de saúde e considerou que ele deveria ter sido “demitido” por sua incapacidade.

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Depois, usando como prova uma captura de tela de um celular, Cummings afirmou que Johnson havia chamado Hancock de “totalmente inútil”.

Somando-se a isso, nesta sexta-feira o jornal The Sun publicou fotos comprometedoras. Nelas, o ministro, que é casado e tem três filhos, é visto beijando Gina Coladangelo, também casada, em seu escritório em Westminster em 6 de maio. À época, abraços e contatos próximos estavam proibidos na Inglaterra em razão das restrições sanitárias.

“Reconheço que não respeitei as instruções sanitárias”, declarou o ministro nesta sexta-feira em um breve comunicado.

“Desapontei muitas pessoas e lamento muito”, acrescentou, pedindo respeito por sua vida privada.

Hancock não anunciou sua renúncia, embora sua posição tenha sido descrita como “insustentável” pela presidente do Partido Trabalhista, Anneliese Dodds, que disse que Boris Johnson “deveria demiti-lo”.

Ela também acusou o ministro de “não respeitar suas próprias regras” e de “abuso de poder”.

A nomeação de Coladangelo, que Hancock conhece desde a faculdade, deu-se de forma discreta no ano passado e também gerou polêmica, por não ter sido informada publicamente até ser divulgada pela imprensa.

Um porta-voz dos trabalhistas, principal partido de oposição, pediu explicações do governo se houve “conflito de interesses” na nomeação da colaboradora.

“Os ministros, como todos os demais, têm direito à privacidade”, afirmou um porta-voz trabalhista.

“No entanto, quando o dinheiro dos contribuintes está em jogo, ou são oferecidos cargos para amigos próximos que têm uma relação pessoal com um ministro, isso precisa ser analisado”, acrescentou.

Entrevistado pelo canal Sky News, o ministro dos Transportes, Grant Shapps, limitou-se a garantir que qualquer nomeação segue um processo “incrivelmente rigoroso” e que não existem “atalhos”, recusando-se a comentar um assunto “totalmente pessoal”.

Um influente assessor científico do Executivo, Neil Ferguson, teve de renunciar em maio de 2020, após ter recebido em sua casa uma mulher, que se dizia ser sua amante, durante o primeiro confinamento contra a covid-19.