O ministério da Defesa anunciou, nesta terça-feira (30), a saída dos comandantes das três Forças Armadas, um dia após a demissão do ministro da Defesa e de outros cinco membros do governo.

A substituição dos comandantes Edson Pujol (Exército), Ilqes Barbosa (Marinha) e Antonio Carlos Bermudes (Aeronáutica) foi decidida em uma reunião em Brasília “com presença do ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças”, anunciou a pasta em um comunicado.

O ministério da Defesa não informou os motivos da decisão, sem precedentes na história do Brasil, segundo os comentaristas.

Os analistas estimam que é resultado do descontentamento dos três comandantes com a destituição do general Fernando Azevedo e Silva, relutante às tentativas do presidente Jair Bolsanaro de politizar as Forças Armadas.

Azevedo e Silva disse ao anunciar sua saída que durante sua gestão conseguiu preservar “as Forças Armadas como instituições do Estado”.

Os nomes dos novos comandantes ainda não foram anunciados.

As mudanças no ministério da Defesa se seguem à reforma anunciada na segunda-feira pelo governo Bolsonaro, que enfrenta uma pressão crescente por parte de seus aliados no Congresso, especialmente dos partidos conservadores no ‘centrão’, que pedem mudanças de rumo em meio à sua questionada gestão da pandemia que já matou 313.000 pessoas no país.

Além disso, o presidente está perdendo popularidade nas pesquisas, à medida que as condições econômicas se agravam e a vacinação avança mais lentamente do que o esperado.

O destaque da reforma foi a demissão do ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, acusado de ter prejudicado a compra de vacinas contra a covid-19 pelas suas discussões com a China e pelo seu alinhamento excessivo com Washingon durante a gestão do ex-presidente Donald Trump.

Será substituído por Carlos Alberto Franco França, um diplomata de formação, de 56 anos, que trabalhava como funcionário da assessoria especial da Presidência da República.

Junto a essa mudança, somam-se a dos titulares da Justiça, da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Secretaria da Presidência.

“As mudanças respondem a uma lógica dupla: primeiro porque [Bolsonaro] precisa dar espaço para o ‘centrão’, e segundo porque está se preparando para a crise política que pode vir e quer estar cercado de pessoas extremamente leais, principalmente nas Forças Armadas”, disse à AFP o analista Oliver Stuenkel.