A coluna República do Automóvel foi a primeira a noticiar que o Mini Countryman deixaria de ser fabricado no Brasil. Isso aconteceu no dia 21 de novembro do ano passado, quando entrevistamos o executivo Juan Mallea, um argentino que se mudou para o Brasil com a missão de dirigir a Mini. Tudo porque o novo Mini Countryman usa a mesma plataforma (UKL) do BMW X1. Por questões de custos e pelo fato de o Mini não ter um rival direto no Brasil, o Grupo BMW decidiu intensificar os investimentos no X1. Assim, o novo Countryman perdeu o sotaque catarinense de Araquari para ganhar uma procedência austríaca, de Graaz.

Para conferir tudo isso, decidi fazer uma viagem de 1.200 km com o novo Mini Countryman. Minha primeira impressão sobre este Mini é que ele não tem quase nada a ver com os carrinhos que surgiram na Inglaterra e cuja marca foi adquirida pela BMW (faz tempo isso). Para se ter uma ideia, o Countryman é maior do que o próprio X1 por dentro. Com 4,29 m de comprimento, ele é 20 cm mais longo que o velho Countryman catarinense. A distância entre-eixos é de 2,67 m e a capacidade do porta-malas subiu de 350 para 450 litros.

O novo Countryman é um retrato do mundo moderno. A marca Mini permaneceu, mas o conceito do carro é outro. Ele agora se parece muito mais com uma perua do que com um hatch. Felizmente, a Mini tem o bom senso de não chamá-lo de SUV, mas sim de crossover. E olha que a versão que usei na viagem foi a All4, que tem tração nas quatro rodas. Portanto, tem mais capacidade off-road do que muito “SUV Nutella” que não é capaz de encarar uma lama.

Apesar de sua capacidade off-road e do nome sugestivo, vejo o Countryman mais como um carro familiar. Ele realmente se transformou. Não dá para dizer que tem uma dirigibilidade de kart, como gosta de dizer a Mini sobre outras versões. Mas uma coisa é inegável: mesmo sendo o maior Mini já produzido, o novo Countryman All4 manteve a característica da marca de oferecer muita potência.

Com a desnacionalização do Mini Countryman, seu preço subiu de R$ 146.950 para R$ R$ 192.950 em apenas dez meses. O carro veio com um motor mais potente porque o executivo argentino percebeu essa preferência do público brasileiro. O mix de motorização da Mini traz o Cooper com 12% das vendas, o Cooper S (mais potente) com 80% e o John Cooper Works (JCW) com 8%.

Quanto aos modelos, o Countryman tinha 20% de participação em 2016, mas com a importação acabou subindo para 26% devido à redução na oferta de versões. Em agosto, o Countryman foi o modelo mais vendido da Mini no Brasil, com 47 emplacamentos. No acumulado de janeiro a agosto, a Mini venceu 985 carros este ano, contra 733 no ano passado – um crescimento de 34,4%.

Na viagem de ida e volta entre São Paulo e Londrina (PR), pude desfrutar bastante dos 192 cavalos de potência do motor 2.0. O ótimo câmbio automático de oito marchas garantiu boa tocada nas rodovias paulistas, especialmente na Castello Branco. Nas estradas de pista simples do Paraná (com pedágios caríssimos), cheias de curvas perigosas, quem falou mais alto foi a tração integral. A alta potência, porém, cobra seu preço em consumo, por isso viajei a maior parte do tempo no modo Eco, para economizar combustível.

No final das contas, como carro de família (rica) o Mini Countryman é uma boa compra. Espaçoso, confortável, totalmente conectado, rápido e exclusivo. Afinal, se já não é fácil ter um Mini Cooper de entrada, com motor 3 cilindros 1.5 de 136 cv, imagina o topo de linha! O Mini Cooper tem duas portas e custa R$ 114.950. Já o Mini Countryman All4 sai por R$ 192.950. Dá quase R$ 1.000 por cavalo. Entre esses dois existem mais 15 versões no catálogo (mas só oito conseguiram vendas este ano). Quer prova maior de que o mundo e os Mini mudaram?