O agronegócio e, em especial, a pecuária, é uma das forças do comércio exterior brasileiro. Mas, até a década passada, as grandes empresas nacionais do setor não tinham ganhado o mundo. Para ter uma prova de que isso mudou bastante, basta dar uma conferida na abrangência de operações de JBS, Marfrig e BRF. Em menor escala, mas seguindo uma evolução similar, o frigorífico paulista Minerva, com receita anual de R$ 9,5 bilhões, está prestes a se tornar uma companhia global.

Em uma reunião do dia 30 de janeiro, o conselho de administração do Minerva aprovou a abertura de uma subsidiária na Inglaterra, que se chamará Minerva Europe. A nova empreitada da companhia, controlada pela família Vilela de Queiroz e presidida por Fernando Galletti de Queiroz, indica ambições maiores. Escritórios internacionais facilitam as negociações em mercados diferentes, além de dar acesso a crédito a juros mais baixos.

“No momento em que a primeira dessas grandes empresas brasileiras mirou o mercado externo, acabou sendo natural que todos os concorrentes se internacionalizassem”, diz Alcides Torres, diretor e fundador da Scot Consultoria, especializada no setor. As vendas externas do Minerva já representam por volta de 75% da receita. O impulso internacional da empresa ficou ainda mais forte depois que fundo saudita Salic, focado no mercado do agronegócio, adquiriu por R$ 750 milhões, em dezembro de 2015, uma participação de 20% na companhia. “Os árabes são grandes consumidores e importadores de carneiros”, diz um especialista em pecuária. “O mercado de carneiros é dominado por empresas australianas. Pode fazer sentido ao Minerva buscar aquisições lá ou nos EUA.”

DIN1005-minerva2Para fazer isso, a empresa precisa se capitalizar, diz o consultor. Faria sentido para o Minerva, portanto, considerar uma abertura de capital no exterior, para atrair mais investidores internacionais. Essa é a estratégia da vez para as empresas brasileiras de proteína. O JBS considera um IPO de suas operações americanas, depois que o BNDES vetou uma reorganização global da companhia. Como forma de diminuir o seu endividamento, o Marfrig também estuda abrir o capital de sua subsidiária americana, a Keystone Foods, que fornece carne processada para a rede McDonald’s.

Já a BRF está analisando negociar ações em mercado da unidade OneFoods, a antiga Sadia Halal, voltada a vender carnes para consumidores muçulmanos. A Minerva também diversificou a sua produção. De suas unidades de abate, saíram, no terceiro trimestre do ano passado, 22% das exportações de carne do Brasil, 20% do Paraguai e 16% do Uruguai. Segundo relatório do Bradesco BBI, a empresa procura alvos de aquisições na América do Sul. Depois de desistir, em janeiro, da compra da capixaba Frisa, esse interesse deve aumentar.