Um militar da Gâmbia acusou, nesta segunda-feira (22), o ex-presidente Yahya Jammeh de ter ordenado o assassinato do jornalista Deyda Hydara, correspondente da Agence France Presse (AFP), em dezembro de 2004, em Banjul. Ele também admitiu ter participado de sua execução.

Deyda Hydara, jornalista crítico do regime de Jammeh, foi assassinado a tiros em 16 de dezembro de 2004 em Banjul. Cofundador do jornal privado The Point, também foi correspondente da AFP e da organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) na Gâmbia.

“Atiramos, eu, Alieu Jen e Sana Manjang”, reconheceu o tenente Malick Jatta, durante uma audiência diante da Comissão da Verdade e Reconciliação.

No dia seguinte, seu comandante lhes entregou “um pacote com dólares” e explicou se tratar de um “gesto de apreço do grande homem”, Jammeh, que estava no poder há dez anos neste país da África Ocidental.

Defensores de direitos humanos acusam o regime de Jammeh de ações sistemáticas de tortura contra opositores e jornalistas, execuções extrajudiciais, prisões arbitrárias e desaparecimentos forçados.

Jammeh foi eleito pela primeira vez em 1996 e se reelegeu ininterruptamente até sua derrota, em dezembro de 2016, para o opositor Adama Barrow.

Criada por uma lei de dezembro de 2017, com 11 integrantes, a TRRC investiga supostos crimes cometidos durante os 22 anos do regime de Jammeh, atualmente em exílio na Guiné Equatorial. A comissão iniciou suas audiências em janeiro de 2019.