As autoridades chinesas organizaram quatro milhões de testes de diagnóstico na cidade de Qingdao após a descoberta de um pequeno foco de covid-19, enquanto os casos continuam aumentando vertiginosamente na Europa, o que obriga os governos a aumentar as restrições.

Dos mais de nove milhões de habitantes de Qingdao, uma grande cidade portuária do leste da China, quatro milhões foram submetidos a testes de diagnóstico em dois dias e meio. A cidade detectou um foco de 12 casos positivos, seis deles totalmente assintomáticos, de acordo com as autoridades municipais.

“Recebemos o resultado de um total de 1.107.883 de testes realizados e não detectamos nenhum caso positivo”, afirmou a comissão municipal de saúde.

A China, origem do novo coronavírus, afirma que seu território está livre da covid-19. A cada dia o país anuncia uma dezena de novos casos, a grande maioria de pessoas que viajaram ao exterior.

A capacidade de organizar campanhas de testes de diagnóstico de tal magnitude na China contrasta com a limitada capacidade de exames na maioria dos países.

– Europa cada dia mais fechada –

A pandemia do novo coronavírus provocou mais de um milhão de mortes no planeta e quase 38 milhões de contágios.

Na Europa, com mais de 243.000 mortos e 6,6 milhões de contágios, os ministros das Relações Exteriores adotaram nesta terça-feira critérios comuns para coordenar as restrições de viagens dentro do bloco, com a meta de unificar as medidas díspares aprovadas por cada país para frear a pandemia. Mas a aplicação das recomendações é algo voluntário.

A França é um dos países mais afetados e os casos em Paris já superam 800 para cada 100.000 habitantes, o que deve provocar novas restrições a partir de quarta-feira, após um discurso do presidente Emmanuel Macron.

No Reino Unido, o governo do primeiro-ministro Boris Johnson foi criticado nesta terça-feira após a descoberta de que ignorou, há três semanas, o conselho dos cientistas de impor um confinamento de uma ou duas semanas para frear os contágios de covid-19, cuja segunda onda afeta o país atualmente.

Na segunda-feira, ante a aceleração preocupante dos contágios, sobretudo na região noroeste, o governo britânico decidiu fechar os pubs de Liverpool e reativar três hospitais de campanha.

O número de pessoas hospitalizadas com covid-19 na Inglaterra é maior agora do que quando o confinamento foi ordenado no fim de março.

Na Itália, o governo proibiu as festas e celebrações ao ar livre e em locais fechados, além de ter limitado a seis o número de convidados para uma casa.

O país, que parecia menos afetado pela segunda onda, apesar de ter sofrido muito com a primeira onda do vírus em abril, registrou na segunda-feira 4.619 novos casos em 24 horas.

A Rússia anunciou 244 mortes provocadas pela covid-19 em 24 horas, um recorde desde o início da pandemia, e mais de 13.000 novos contágios. As autoridades descartam no momento a adoção de medidas restritivas e alegam que o país tem uma taxa de mortalidade menor que a da Europa ocidental, Estados Unidos ou Brasil.

– “Poderoso” –

Na América Latina, o Peru superou 850.000 casos confirmados, mas o número diário de contágios registra uma lenta redução.

O país contabiliza 33.357 mortes e é o terceiro país da América Latina em número de vítimas fatais, atrás do Brasil e do México. Mas em termos proporcionais a sua população, o Peru tem a maior taxa de mortalidade por covid-19 do mundo (104,11 morte para cada 100.000 habitantes).

Na Argentina, milhares de pessoas protestaram na segunda-feira em várias cidades contra o governo de Alberto Fernández e o confinamento pela pandemia de covid-19.

O país está em quarentena desde 20 de março, o que aumentou os problemas econômicos em uma sociedade afetada desde 2018 por uma recessão com inflação elevada.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump voltou na segunda-feira à linha de frente da campanha eleitoral e afirmou que está em “plena forma”, a apenas três semanas das eleições contra o democrata Joe Biden.

A equipe médica de Trump anunciou que ele testou negativo para covid-19 e que não era contagioso pouco antes de sua viagem para a Flórida.

“Eu tive e agora dizem que estou imunizado”, afirmou o presidente americano de 74 anos para uma multidão de simpatizantes, a maioria sem máscaras.

“Me sinto poderoso”, completou.

Também nos Estados Unidos, um estudo publicado na revista médica The Lancet Infectious Diseases mostra que um americano foi infectado duas vezes pela covid-19 em um mês e meio de intervalo e a segunda infecção foi mais grave que a primeira, o que coloca em dúvida as teorias sobre a imunização após o contágio com o novo coronavírus.

Até o momento foram confirmados cinco casos de reinfecção no mundo, um número pequeno, mas uma questão que leva alguns cientistas a pensar que uma vacina não seria totalmente protetora e várias doses seriam necessárias.

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