O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) afirmou que não vai abrir mão de disputar a vaga de presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mesmo com toda a pressão de Renan Calheiros (PMDB-AL) e outros caciques do PMDB para indicar Edison Lobão (MA), que é investigado na Operação Lava Jato. Lira deu a entender que a disputa dentro da bancada estaria contaminada e afirmou que é possível ainda que Renan, como líder, nem sequer o indique para compor o colegiado.

“Eu não vou aceitar que seja feita votação dentro da bancada do PMDB, porque há interferências externas nessa decisão. Ou o líder faz a sua indicação, ou a decisão deve ser feita da forma correta, pelo voto dentro da CCJ”, afirmou Lira.

O senador havia acabado de chegar para a reunião do PMDB que deve finalmente definir o indicado para o cargo. Ele demonstrou pouco otimismo com a disputa e não quis entrar em detalhes sobre quais seriam as “interferências externas” que operam para que Lobão seja o presidente da CCJ.

Em seguida, chegou também o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP). O tucano ironizou a presença de assessores, funcionários e jornalistas na porta da liderança do PMDB. “O que vocês estão esperando? Ainda não sabem que o presidente da CCJ vai ser o Lobão?”, disse entre risos.

O ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), e até mesmo o ex-presidente José Sarney trabalham para que Lobão assuma a CCJ. Nesta terça-feira, o senador já havia dito a interlocutores que se sentia confiante com o apoio da bancada.

Candidatura avulsa

Uma outra opção é que a decisão do presidente da CCJ seja definida em votação dentro do colegiado, com a participação dos senadores indicados pelos demais partidos e não somente do PMDB. Lira conta com essa oportunidade para se lançar na disputa mesmo contra a vontade dos caciques peemedebistas.

Entretanto, para disputar a presidência, Lira precisaria fazer parte da comissão. Assim como a indicação da presidência, a escolha dos demais nomes do PMDB que irão fazer parte do colegiado também cabe a Renan. “Como líder, ele pode decidir até mesmo não me indicar para a CCJ”, disse Lira. O senador nega, entretanto, que tenha recebido qualquer ameaça nesse sentido.

Lira poderia ainda tentar uma vaga na comissão como membro avulso, ou herdar a vaga de alguma outra bancada que queira ceder o posto.