Um artigo publicado nesta quarta-feira (27) pelo jornal britânico Financial Times afirmou que os mercados podem “não ter sido preparados para a extensão da incompetência de Bolsonaro” e alerta para os riscos ao País caso a reforma da Previdência não seja aprovada. No texto, o jornalista Jonathan Wheatley diz que investidores já duvidam da capacidade do governo em aprovar a medida.

“Se isso será suficiente para devolver a economia do Brasil ao crescimento, ainda é discutível. Os investidores de mercados emergentes estão acostumados a isso, é claro: se não fosse pelo risco, eles não esperariam a recompensa”, afirma o autor em um trecho.

A Bloomberg também publicou nesta semana uma análise negativa dos resultados alcançados por Bolsonaro nos três primeiros meses de governo. Assim como no texto da companhia norte-americana de análise financeira, o jornal britânico ressaltou a relação conflituosa do capitão reformado do Exército com o Congresso Nacional e a influência dos filhos nas decisões do Planalto. Como exemplo, o Financial Times cita a última rusga envolvendo Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).

“Na semana passada, ele e seu filho Carlos, que não tem nenhum papel oficial no governo, ofenderam publicamente o presidente da Câmara dos Deputados, que é a figura mais importante na condução da reforma enviada aos deputados no mês passado.”

Apesar de focar no Brasil, o artigo abrange outros países emergentes, como o México, e como as grandes expectativas de mudanças criadas durante os processos eleitorais estão gradativamente murchando com a falta de ações concretas dos governantes eleitos.

“Investidores em mercados emergentes esperavam um ano de continuidade política em 2019, após uma série de eleições potencialmente transformadoras em 2018. Porém, passado um quarto de ano, as coisas não estão funcionando como planejado. O caminho para as reformas pró-mercado nas grandes economias em desenvolvimento está se mostrando mais difícil do que nunca.”