SÃO PAULO (Reuters) – Participantes do mercado reduziram seus prognósticos para a dívida pública neste ano e no próximo e melhoraram sua projeção de resultado primário do Brasil em 2024, mostrou nesta sexta-feira o primeiro relatório Prisma Fiscal desde a apresentação da proposta do governo de um novo arcabouço para as contas públicas.

O relatório do Ministério da Fazenda, que capta projeções de agentes do mercado para as contas públicas, mostrou expectativa mediana de que a dívida bruta do governo geral encerre 2023 em 77,20% e 2024 em 79,82%. No mês passado, as previsões eram, respectivamente, de 77,60% e 80,52%.

A visão mediana dos agentes consultados para o resultado primário do governo central neste ano piorou a déficit de 100,0 bilhões de reais, de 99,01 bilhões estimados antes, mas houve melhora expressiva na conta para 2024, com a aposta em uma alta das receitas. Agora, o mercado espera que os cofres da União registrem saldo negativo de 84,704 bilhões de reais no período, contra rombo de 98,328 bilhões esperado no mês anterior.

Houve aumento nas expectativas de despesa do governo federal tanto para este ano quando para o próximo, a 2,021 trilhões e 2,153 trilhões de reais, respectivamente, de 2,019 trilhões e 2,140 trilhões estimados antes.

Para 2023, foi prevista receita líquida de 1,920 trilhão de reais, com pouca alteração em relação ao prognóstico do último Prisma. Já para 2024, a expectativa melhorou a 2,060 trilhões de reais, de 2,047 trilhões antes.

As previsões medianas para a arrecadação –vista pelos mercados como fator crucial para o sucesso do novo plano fiscal do governo– ficaram em 2,350 trilhões de reais para este ano e 2,502 trilhões para o próximo. Ambas as leituras melhoraram contra as expectativas anteriores de 2,342 trilhões e 2,472 trilhões, respectivamente.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou o desenho da nova regra fiscal no final de março, e a proposta foi, num geral, bem recebida por agentes do mercado financeiro e até pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O arcabouço impede que os gastos federais cresçam mais do que a arrecadação, mas também tem um limite mínimo para a evolução das despesas acima da inflação, obrigando investimentos por parte do governo. A proposta ainda precisa passar pelo Congresso Nacional.

(Por Luana Maria Benedito)

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