O chefe do departamento de Estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha, avaliou nesta sexta-feira, 25, que o crescimento de 1,0% no estoque de crédito total do setor financeiro em setembro mostra uma aceleração em relação aos meses anteriores. “Tivemos em setembro um dinamismo mais acentuado do mercado de crédito. Isso ocorreu principalmente no crédito livre, que cresceu 1,7% no mês passado, com o efeito sazonal de linhas voltadas para empresas em fim de trimestre, como desconto duplicatas e antecipação de fatura de cartão de crédito”, explicou.

Rocha apontou ainda o crescimento das operações de aquisição de veículos por pessoas jurídicas em linhas voltadas para fornecedores. “A linha de adiantamento de contratos de câmbios (ACC) também cresceu em setembro”, detalhou. “Houve ainda antecipação de R$ 2,2 bilhões em pagamentos na linha de capital de giro o que reduziu o saldo nessa linha,”, acrescentou.

Já para as famílias, houve crescimento destacado nas linhas de crédito consignado e aquisição de veículos. “Ou seja, mesmo com a contribuição sazonal, o crédito continuou se expandindo em setembro, inclusive com aceleração”, reforçou.

As concessões dessazonalizadas no crédito livre cresceram 0,3% e houve aumento de 0,1% no crédito direcionado. Ainda assim, as concessões dessazonalizadas no crédito total caíram 0,2% em setembro. Rocha explicou que o resultado das concessões totais dessazonalizadas não é uma mera soma dessas variações no crédito livre e direcionado.

Cheque especial

O chefe do departamento de Estatísticas do Banco Central admitiu que as taxas de juros do cheque especial não mostraram diferença significativa entre os patamares atuais e os observados ao longo do ano passado.

Desde julho do ano passado, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200.

A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor.

Em junho de 2018, antes do início da nova dinâmica, a taxa do cheque especial estava em 304,9% ao ano. Agora, a taxa do cheque especial passou de 306,9% ao ano para 307,6% ao ano de agosto para setembro deste ano.

“A autorregulação da Febraban buscava oferecer para os clientes que estão nessa dívida uma porta de saída para outras modalidades com taxas mais baixas. O saldos, no entanto, continuam crescendo. Entre as possibilidades para explicar isso está a ampliação da base de clientes ou a manutenção do limite do cheque especial para esses clientes que já migraram parte de suas dívidas”, explicou Rocha.