Quando o governo de Cuba anunciou, em 14 de novembro, que estava abandonando o programa Mais Médicos no Brasil, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) declarou que a medida era um “desrespeito com quem recebe o tratamento por parte desses cubanos”. Criada em 2013, a iniciativa alcança mais de 1,6 mil municípios brasileiros e gera mais de 18 mil postos de trabalho, de acordo com o Ministério da Saúde. Sua maior atuação é nas periferias de regiões metropolitanas, nos distritos indígenas e em regiões distantes dos grandes centros urbanos.

Segundo dados da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o País terá dificuldades para preencher as mais de 8 mil vagas que serão deixadas pelos médicos cubanos a partir de 25 de novembro. Em 2017, por exemplo, 6.285 brasileiros se candidataram para assumir os 2.320 postos abertos pelo Ministério da Saúde ao programa. Dos aprovados, somente 1.626 apareceram para trabalhar e cerca de 30% deles abandonaram o cargo antes de completar 1 ano. Tudo isso gera um grande impasse para o futuro do Mais Médicos, que permitiu a 700 cidades brasileiras receberem profissionais da saúde pela primeira vez.

(Nota publicada na Edição 1097 da Revista Dinheiro)