O diretor executivo do WWF-Brasil, Maurício Voivodic, foi o convidado da live da IstoÉ Dinheiro nesta segunda-feira (8). A instituição dirigida por ele é uma ONG brasileira, participante de uma rede internacional, comprometida com a conservação da natureza dentro do contexto social e econômico brasileiro. Na entrevista, ele analisa o cenário nacional e internacional sobre o tema da sustentabilidade e os riscos da economia global avançar, isolando o Brasil na corrida pela implantação da agenda ambiental.

“O contexto político internacional mudou bastante. O mundo está considerando as mudanças climáticas de forma séria. O Brasil está ficando muito atrasado nas questões ambientais”, afirma Voivodic. “Os avanços significativos das últimas duas décadas, nesses últimos dois anos, estão sendo totalmente desconfigurados de cima a baixo”, conclui.

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Amparada por um sólido e robusto conhecimento técnico-científico, a WWF trabalha para mudar a atual trajetória de degradação ambiental e promover um futuro em que a sociedade, a economia e a natureza vivam, e convivam, em harmonia.

Essa assertiva faz Maurício Voivodic admitir: “Os retrocessos estão muito claros. Estamos passando pelos piores momentos da história do Brasil no que se refere à questão ambiental”, diz. “O índice de desmatamento da Amazônia teve um aumento de 68% no último ano”, garante. Tão grave quanto o índice de crescimento do desmatamento, os números apresentados por ele mostram que houve uma queda de 61% do orçamento para as unidades de conservação na Amazônia. “A postura do governo Bolsonaro acaba prejudicando a população brasileira.”

A verdade sem retoques, segundo Voivodic, é que a sensação de impunidade e a queda na emissão de multas fortaleceram atividades ilegais na Amazônia e que o governo federal não tem agido à altura da sua responsabilidade.

O diretor executivo do WWF-Brasil analisou o cenário internacional das relações comerciais em que investidores e governos, como países da União Europeia e EUA, passarão a cobrar mais responsabilidade da iniciativa privada com o Planeta e sociedade.

Ao certo, eles avaliam usar ferramentas importantes para barrar a compra de commodities de países que não levam a questão climática a sério. “A economia verde vai pautar a retomada econômica de vários países”.

Voivodic comenta sobre a transição para a economia de baixo carbono e as negociações multilaterais entre países, nas discussões dos fundos de investimento, nas grandes empresas e os seus reflexos aqui para economia brasileira.

“A gente vai ter um prejuízo se continuar insistindo numa agenda negacionista, de não considerar a questão ambiental como fundamental no futuro da economia brasileira. Enquanto o Brasil não mostrar claramente o compromisso de mudança é muito difícil atrair investimentos.”

No entendimento do diretor da WWF-Brasil, as lideranças do governo Bolsonaro colocam que a questão ambiental como algo que é um obstáculo ao desenvolvimento econômico brasileiro.

Voivodic vai em direção diametralmente oposta a dos bolsominions e diz na entrevista que nessa toada o Brasil cava o isolamento internacional.

“O caminho mais correto para o governo deveria ser o de reconhecer que o problema do desmatamento existe e que precisa ser resolvido imediatamente e dedicar orçamento e ações políticas para combater o desmatamento o mais rápido possível”, avalia.

O diretor alerta para um dado impressionante: “Menos de 2% dos produtores rurais brasileiros estão envolvidos com o desmatamento.”

Mas esses 2% podem afundar a economia de um país inteiro com a contaminação da produção brasileira. “É impossível a gente ter um desenvolvimento econômico duradouro de curto, médio e longo prazo sem preservar o meio ambiente”, conclui.