Em 1998 surgiu um fenômeno no mercado financeiro, a Link Corretora. Com poucos meses de vida, ela deu um show na BM&F, templo dos negócios futuros de dólar, câmbio, Ibovespa, café e ouro, entre outros. Em apenas quatro meses saiu da 85ª posição para o 3º posto no ranking de operações com o futuro de Ibovespa, índice que sofria influência direta do valor das ações da Telebras. A corretora de Daniel e Marcello, conhecidos como ?Mendoncinhas?, filhos do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, chegou a negociar R$ 12,6 bilhões em junho daquele ano. Dois anos depois, com o pai fora do governo, os negócios não vão tão bem. Em maio a Link caiu para a 41ª posição no mesmo ranking em que se consagrou como uma das feras do mercado. ?Deixou de incomodar?, resume um corretor.

?Daqui a três meses, sem o meu pai no governo, podemos conversar de novo e você verá que estaremos operando muito mais que hoje.? Esse foi o desafio lançado por Marcello à DINHEIRO em dezembro de 1998. Na prática, a profecia não se confirmou. Em maio deste ano, 17 meses depois, o movimento financeiro da Link foi de R$ 10,2 bilhões, quase 20% menor em relação a junho de 1998. Negociou 116.523 contratos, 32% menos que nos tempos de seu auge, quando operava 170 mil contratos num mês. Em 1999 o desempenho foi bom, com a Link ocupando o 12º lugar, mesmo sob a mira de alguns membros da CPI dos Bancos. Na época, a corretora havia operado com quatro dos vinte maiores ganhadores na BM&F em janeiro, mês da desvalorização. Lucraram R$ 80 mil, um número aceitável para uma instituição do tamanho da Link. Entre janeiro e abril de 2000, a corretora foi um pouco menos feliz. Oscilou entre o 11º e o 20º posto, até escorregar para a 41ª posição entre 100 corretoras, em maio último.

Desta vez, nem Marcello nem Daniel quiseram falar. ?Fomos vítimas de calúnias na imprensa e não queremos mais nos expor?, disse Norberto Giangrande, craque do mercado e um dos quatro sócios da Link, ao lado dos irmãos e de Frederico Meinberg. A Link foi citada na CPI dos Bancos como suspeita de receber informações privilegiadas na época em que Luiz Carlos esteve no governo. Chamava a atenção o fato de uma corretora tão jovem e desconhecida subir como um cometa num mercado altamente competitivo como o da corretagem, onde os clientes são disputados palmo a palmo. Chegaram a estar à frente de grandes e tradicionais instituições, como o Bradesco, o Citibank e o Itaú. A Link, diga-se de passagem, começou a funcionar poucos meses depois de Luiz Carlos assumir como o todo-poderoso ministro das Comunicações para vender a Telebras. Mas nada foi provado contra ela. ?Só cumprimos ordens de clientes. Não operamos com dinheiro próprio?, disse Daniel, na época.

O mercado, que já teve ciúmes, hoje fala pouco da Link. Sabe-se que continuam fazendo a lição de casa direitinho. ?Os Mendoncinhas são competentes, apesar de dizerem que eles ganharam dinheiro graças à árvore genealógica?, diz um day-trader muito ativo no mercado de futuros. Mas a maldade ainda existe. ?Antes eles incomodavam muito, mas depois que o pai saiu do governo ninguém mais ouve falar que eles estão arrasando?, alfineta um corretor.