Um estudo conduzido por Li-Huei Tsai, professor de Neurociência no Massachusets Institute of Technology (MIT), apontou que o esforço realizado pelos neurônios para acessar experiências perigosas e de medo exige que o cérebro realize uma série de movimentos igualmente perigosos: os neurônios e outras células cerebrais abrem seu DNA em diversos pontos para fornecer instruções genéticas ao mecanismo de armazenamento de memória.

Segundo o levantamento, a extensão dessas quebras de fita dupla de DNA (DSB, em inglês) em regiões importantes do cérebro são, ao mesmo tempo, surpreendentes e preocupantes. Isso porque essas quebras são reparadas rotineiramente, mas se tornam falhas e frágeis com o tempo, acelerando o processo de envelhecimento e doença do cérebro, abrindo espaço para quadros de alzheimer, por exemplo.

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Um dos pontos levantados por Tsai é o de que quebras persistentes estão associadas à neurodegeneração e queda no poder cognitivo das pessoas.

Para chegar a essas conclusões a equipe de pesquisa aplicou pequenos choques elétricos nos pés de ratos ao entrarem em uma caixa. Isso serve para criar uma memória de medo neste contexto. Eles então usaram vários métodos para avaliar DSBs e expressão gênica nos cérebros dos animais por 30 minutos, particularmente entre uma variedade de tipos de células no córtex pré-frontal e hipocampo, duas regiões essenciais para a formação e armazenamento de memórias de medo condicionadas.

“Queríamos entender exatamente como essa atividade natural é difundida e extensa no cérebro após a formação da memória, porque isso pode nos dar uma ideia de como a instabilidade genômica pode prejudicar a saúde do cérebro no futuro”, disse Tsai em entrevista ao portal do MIT.

Também foram realizadas medições no cérebro de ratos que não sofreram o choque nas patas para estabelecer uma linha de base de atividade para comparação.

O resultado foi o seguinte: a criação de uma memória de medo dobrou o número de quebras de DNA entre os neurônios do hipocampo e do córtex pré-frontal, atingindo mais de 300 genes em cada região. Alguns desses genes estão ligados às chamadas sinapses, responsáveis pelas conexões que os neurônios fazem entre si.

Mais pesquisas terão de ser feitas para provar que os DSBs necessários para formar e armazenar memórias de medo são uma ameaça à saúde cerebral, mas o estudo acrescenta algumas evidências de que pode ser o caso, dizem seus autores.

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