O secretário da Fazenda e do Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, sugeriu há pouco que os bancos públicos atuem com mais força no sistema financeiro para evitar o “empoçamento” de crédito durante a crise da pandemia do novo coronavírus, com a ajuda do BNDES, para repassar recursos liberados por Banco Central e Tesouro.

“O Brasil tem quatro grandes bancos, e dois deles são públicos, o Banco do Brasil e a Caixa, e eles devem e podem, em um momento como esse, agir para manter a economia funcionando”, afirmou Meirelles, que é ex-presidente do BC e ex-ministro da Fazenda e participou, na noite desta quarta-feira, 8, de transmissão ao vivo feita pela Eleven.

Meirelles ressaltou que, em uma crise como essa, os bancos privados temem o aumento do risco para emprestar dinheiro, mas que os públicos não precisam ter esse receio. “Os bancos públicos têm o lastro da União, têm essa segurança”, disse.

Segundo ele, seguir esse caminho não seria gerar fundos perdidos. “Só vira fundo perdido se a economia entrar em colapso e as empresas não se recuperarem. Se os bancos públicos atuarem, as empresas terão fôlego financeiro para continuar funcionando e aí, com estrutura produtiva em ordem, terão condições de pagar as dívidas”, disse o secretário, que afirmou que não espera recuperação da atividade econômica em São Paulo nos próximos 30 dias.

Para Meirelles, essa solução com bancos públicos, BNDES, Tesouro e BC não é o mesmo que imprimir dinheiro. Segundo ele, o BC poderia comprar títulos do Tesouro, que repassaria os recursos aos bancos públicos e privados por meio do BNDES. De acordo com ele, o BC já “faz um pouco disso, ao dar liquidez” ao BNDES. Ele acredita também que o BC pode fazer mais do que cortar juros, com compra direta de títulos.

Estados

O secretário da Fazenda de São Paulo disse ainda que é absolutamente razoável a suspensão da dívida dos Estados à União durante a pandemia, pois são os governos estaduais que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus, por serem os que controlam hospitais públicos. Contudo, lembrou ele, os Estados têm capacidade limitada de se endividarem, por não poderem emitir moeda, diferentemente da União.

“A frente principal de combate à pandemia são os Estados, que não podem emitir moeda”, ressaltou. “O dinheiro que Estados pagariam a dívida seria usado para combater o vírus”, afirmou.