Paris, 07/06/2017 – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, enfatizou que os mercados precificam a continuidade da evolução econômica do Brasil e que tem ficado fora das discussões políticas em seus dias na França para se concentrar nas questões econômicas. O ministro também disse que as reformas continuam em andamento no Congresso, à margem das questões políticas.

Ele fez estas afirmações quando questionado por jornalistas que participam do evento da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris. “No momento, fico fora dessa discussão (política) para me concentrar na administração da economia brasileira. A visão aqui é de longo prazo”, afirmou.

“Continuamos trabalhando normalmente, independentemente de discussões de ordem política. O que estamos discutindo são os fundamentos da economia”, reforçou.

Para o ministro, foi “muito importante” a aprovação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na terça-feira. “A reforma foi aprovada ontem na CAE, isso é um dado que está acontecendo no momento”, considerou. Ele também ressaltou que a reforma da Previdência não parou no Congresso por causa de questões políticas. “Esta é minha principal mensagem aqui”, disse.

Sobre documento da OCDE divulgado pela manhã, que cita as questões políticas como uma possibilidade de novo impacto negativo sobre a retomada econômica, Meirelles salientou que a avaliação da entidade é do último ano, que o documento não trata de questões “dos últimos dias”. “Nos últimos meses, já tivemos retomada do crescimento.”

Ele afirmou que a crise econômica começou no fim de 2014, quando não havia nenhum imbróglio político no front ainda. “(A crise) foi gerada por decisões de políticas econômicas”, salientou.

JBS

O ministro da Fazenda adotou um tom bastante sério quando questionado sobre a citação de seu nome em uma conversa entre o presidente da República, Michel Temer, e o empresário da J&F, Joesley Batista. “Soube pelos jornais”, afirmou durante entrevista coletiva para jornalistas na sede da OCDE, em Paris.

O tema está entre as 82 perguntas que Temer terá de responder até a próxima sexta-feira à polícia. O trecho do diálogo foi gravado pelo empresário na noite de 7 de março, no Palácio do Jaburu, em Brasília.

Na conversa, Joesley defendeu a necessidade de um “alinhamento” com Meirelles”. Temer terá de responder agora qual o sentido da expressão alinhamento. Os delegados também querem saber se o presidente autorizou o empresário a apresentar “pontos de interesse” ao ministro e quais seriam esses pontos.

“O diálogo (entre Temer e Joesley) se dava sobre possíveis conversas, se caso elas houvessem”, afirmou o ministro hoje. Meirelles foi do conselho consultivo da J&F do início de 2012 até maio de 2016, quando assumiu o ministério.