Uma comemoração em formato de live na quinta-feira (10) teve o duplo propósito de celebrar as conquistas do passado e de anunciar o futuro da Casa Flora. A importadora de alimentos e bebidas que este ano chegou ao cinquentenário está mais jovem que nunca. Provas disso não faltam: a logomarca que a caracterizava desde a fundação foi atualizada; a sede mudou de endereço e tem agora um novo show room; o centro de distribuição, que ficava na zona cerealista paulistana, foi transferido para Guarulhos, perto do Aeroporto Internacional de São Paulo e das rodovias Presidente Dutra e Fernão Dias, ligações com o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, duas cidades em que a empresa já possui filiais operando desde o ano passado.

A mais importante das decisões estratégicas para seguir crescendo no futuro, porém, é o lançamento de seu e-commerce, algo que o mercado consumidor já vinha cobrando da empresa havia tempos e que a pandemia de Covid-19 tornou inadiável. Por meio século, o B2B foi canal mais importante da Casa Flora, com 92% das vendas. O restante se dava na loja própria, perto do Mercado Municipal de São Paulo. A região é o principal centro de abastecimento para restaurantes, bares, empórios e apreciadores de bons ingredientes à mesa. Ali, na rua Santa Rosa, funciona a loja cuja oferta de queijos, frios, castanhas, temperos, bebidas e outros itens de alta qualidade tem feito a alegria de gerações de gourmets e enófilos. Ela continuará de portas abertas. Apenas para manter a tradição.

PRIMOS E SÓCIOS Antonio Carvalhal Neto e Adilson Carvalhal Junior, dirigem a empresa criada em 1970. Com a nova geração no comando, a Casa Flora abriu filiais no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, inaugurou um novo centro de distribuição em Guarulhos (SP) e mudou o endereço de seu show room. A expansão digital deve elevar as vendas em mais de 50% até 2022 (Crédito:Gabriel Reis )

As mudanças na estratégia da empresa estão sendo implementadas pelos diretores Antonio Carvalhal Neto e Adilson Carvalhal Junior. Eles são primos, sócios e responsáveis pela expansão da empresa que hoje tem cerca de 300 funcionários e um catálogo de 1,3 mil produtos. “Com o fechamento temporário de restaurantes, a participação desse segmento nas nossas vendas caiu de cerca de 20% para 6%”, afirmou Neto à DINHEIRO. “Por outro lado, os supermercados passaram a comprar quase 80%. E os produtos que importamos começaram a ser oferecidos pelo varejo digital.” Hoje, é possível comprar vinhos importados pela Casa Flora nos sites das Lojas Americanas, Magazine Luiza, Mercado Livre, mas o consumidor final não tem a opção de comprar direto da importadora. O lançamento do e-commerce próprio servirá para equacionar essa distorção — e equilibrar melhor a participação dos diferentes canais de venda. “Nossa expectativa é que as vendas on-line tragam um incremento de 11% nas vendas em 2021 e 45% já no ano seguinte”, disse Neto. “A proposta é forncer curadoria para o consumidor de alimentos e bebidas. Entendemos que nosso portfólio tem produtos capazes de gerar maior aderência por parte do consumidor, o que elevaria ainda mais o volume total de vendas.”

Os números projetados por Neto são bastante realistas e se baseiam na experiência acumulada nos últimos anos com a implantação de sistemas de análise de dados. Segundo Neto, o investimento em tecnologia permitiu fazer previsões mais assertivas e a ajudou na expansão para Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Antes, uma parceria com a importadora paranaense Porto a Porto, com quem a Casa Flora compartilha um centro de distribuição em Curitiba, garantia a penetração no Sul do País. Os mercados de Brasília e Recife também são atendidos em parceria.

DUAS GERAÇÕES Pais e filhos da família Carvalhal no antigo depósito da Casa Flora. Eles compartilham o gosto pela boa mesa e pelos negócios. (Crédito:Divulgação)

OTIMISMO Nascida como armazém de secos e molhados cuja principal mercadoria eram queijos produzidos no laticínio do patriarca em Flora, no Sul de Minas, a Casa Flora cresceu exponencialmente a partir do final da década de 1990, quando passou a importar e distribuir vinhos da chilena Santa Carolina. Hoje, a empresa está estruturada em três unidades de negócios: vinhos, que representa a maior parte do faturamento; alimentos; e bebidas — entram nessa categoria cervejas premium como as da alemã Paulaner, uísque Dalmore e água Voss. Também presidente da Abba, associação que congrega os importadores de alimentos e bebidas, Adilson Carvalhal Junior entende que o isolamento social adotado na pandemia estimulou o hábito de cozinhar e beber mais vinhos em casa. “O consumo per capita de vinho cresceu no Brasil, assim como as vendas de produtos gastronômicos premium”, afirmou Junior. “As importadoras que souberem aproveitar esse momento sairão fortalecidas”.
É isso que a Casa Flora está fazendo. Há meio século.