É urgente a necessidade de punir com rigor os criminosos que tomaram de assalto a “gestão” do patrimônio ambiental do Brasil. Com que direito matam ambientalistas — como o caso da família do Zé do Lago, que já tratei neste mesmo espaço —, queimam helicópteros a serviço do Ibama, invadem rios com dezenas de balsas destruindo tudo o que encontram e deixando um rastro de contaminação? É preciso que o Estado retome o seu papel e sua responsabilidade de defender a vida e o patrimônio dos brasileiros.

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Mas de Brasília vem o indício de que, por mais atentados à Constituição os “que se sentem donos da Amazônia” pratiquem, nenhuma punição virá: ao revisar o Orçamento 2022 o presidente Jair Bolsonaro cortou mais de R$ 35 milhões nas verbas para o Ministério do Meio Ambiente. Do total, R$ 25,8 milhões deixaram de ir para o Ibama. O que isso significa? A resposta está nas atribuições do órgão. Apenas quatro delas:

  • > A fiscalização ambiental e a aplicação de penalidades administrativas.
  • > A geração e a disseminação de informações relativas ao meio ambiente.
  • > O monitoramento ambiental, principalmente no que diz respeito à prevenção e controle de desmatamentos, queimadas e incêndios florestais.
  • > O apoio às emergências ambientais.

Em outras palavras, sem verba para a fiscalização a porteira aberta pelo ex-ministro da pasta Ricardo Salles para a boiada do crime passar continua escancarada sob os olhos vendados de seu sucessor Joaquim Leite.

Em tempo. É fato que mesmo com o corte, o orçamento do ministério será de R$ 3,1 bilhões, o que representa alta de 6% em comparação com o ano passado (R$ 2,9 bi). Mas é fato também que o valor é 60% menor do que o Orçamento de 2012 (R$ 7,8 bilhões) quando o Brasil registrou o menor nível de desmatamento da Amazônia. Naquele ano foram menos de 5 mil km². Entre janeiro a dezembro de 2021, foram destruídos 10.362 km², a maior área dos últimos dez anos.