Faz toda a diferença em meio à crise econômica o leque de ações que vem sendo posto em prática com o objetivo de acelerar o crescimento do mercado interno brasileiro. Muitos países hoje não têm sequer essa alternativa e seguem mergulhados em arrochos sistemáticos, de efeitos colaterais perversos e conhecidos. No panorama global, diante da inoperância dos europeus (que não se entendem sobre o caminho a seguir), da quase omissão dos EUA (envolvidos até a cabeça em sua eleição presidencial) e da ausência de recursos dos organismos multilaterais, poder contar com medidas de estímulo – como queda dos juros, desoneração da folha, linhas de crédito facilitadas e redução dos impostos – soa como música aos ouvidos de investidores e empreendedores. 

 

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A economia sentiu o impacto externo, é natural, mas está longe de um cenário de instabilidade, como pregam os alarmistas de plantão. Os números frustrantes do desempenho do PIB no primeiro trimestre serviram de argumento para que a torcida do contra apontasse o dedo e reclamasse de erros na política econômica, sugerindo uma contaminação prematura. Criticaram o incentivo ao consumo e tacharam de paliativos os acordos para a garantia de renda e emprego. Essas decisões avançam, visivelmente, na direção correta, apesar dos opositores. E os números estão aí para comprovar. É verdade também que o plano de estímulos precisa contemplar ações de longo prazo como investimentos em infraestrutura, enxugamento da máquina pública e reforma tributária. O recuo nas metas de superávit primário foi lançado como uma alternativa, mas seu alcance é de caráter limitado. 

 

Neste momento, qualquer movimento além da conta ou demasiadamente tímido no que vem sendo chamado de “choque de gestão anticrise” terá reflexos imediatos. Foi assim, por exemplo, com a decisão de aumento do IPI sobre carros importados. As autoridades pesaram a mão e tiveram que voltar atrás dado o risco de paralisação dos negócios do setor. O mesmo pode-se dizer no campo da política cambial cuja elevação deliberada do dólar projetou a moeda americana a patamares além do esperado. Diversas áreas de atividade estão agora com dificuldades de importação em virtude do preço caro dos insumos que compram lá fora. As restrições impostas sob a alegação de proteger a produção nacional surtiram o efeito contrário. Erros assim é do que o País não precisa agora.